A polêmica envolvendo a deputada Carla Zambelli, do PL, continua em destaque nas manchetes do país. Após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por sua participação em invasões a sistemas do Conselho Nacional de Justiça, ela agora enfrenta um pedido de cassação de seu mandato, que também tramita na Câmara dos Deputados. Em meio a esse processo, sua defesa solicitou que o hacker Walter Delgatti, famoso por suas infiltrações em sistemas públicos, seja ouvido a respeito do caso antes que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) tome uma decisão final sobre a perda de seu mandato.
Precedentes na CCJ
A solicitação feita pelo advogado Fábio Pagnozzi, que integra a defesa de Zambelli, destaca a necessidade de ouvir Delgatti, visto que ele foi crucial na questão levantada contra a deputada. “O Walter Delgatti, o famoso hacker, foi chamado pela Polícia Federal de mentiroso contumaz, mudou seu depoimento mais de seis vezes,” afirmou Pagnozzi, ressaltando a importância de garantir que todas as vozes relevantes no caso sejam escutadas.
O pedido, que ainda precisa ser analisado pela CCJ, está sob a presidência do deputado Paulo Azi (União-BA). Enquanto isso, o relator do pedido de cassação, deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), ainda não se manifestou oficialmente sobre o assunto.
Apoio do partido e posição de Bolsonaro
No mesmo contexto, o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), declarou que o partido continua ao lado de Zambelli em meio a essa crise. Ele reafirmou a posição de apoio, afirmando: “Diferentemente do que alguns pensaram, o nosso partido tem estado ao lado da nossa guerreira e soldado Carla Zambelli.” Este apoio, no entanto, não foi substanciado por uma manifestação pública do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que ainda não se posicionou claramente sobre a situação. Em declarações anteriores, o ex-presidente Jair Bolsonaro também se distanciou do caso, afirmando que “não tem nada a ver” com a deputada.
Consequências da condenação
Em maio, Zambelli foi condenada por unanimidade pela Primeira Turma do STF. A acusação envolvia a invasão dos sistemas do CNJ, com o objetivo de alterar documentos, incluindo a emissão falsa de mandados de prisão. Após a condenação, o STF pediu a sua prisão, e a deputada se encontra foragida na Itália. Antes de deixar o Brasil, ela pediu licença de 127 dias do seu mandato, que foi aprovada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta.
A luta pelo mandato
Em meio a todo esse cenário, a defesa da deputada está mobilizando esforços para evitar a perda do seu mandato. Sóstenes trouxe à tona a urgência da situação, afirmando que a maior votação da deputada na última eleição deve ser respeitada. “Nós vamos conversar com os líderes e vamos estar ao lado da nossa soldada ferida e guerreira Carla Zambelli em todos os passos que lhe são garantidos pelo regimento interno da Casa”, declarou o líder do PL.
Além dessas questões, a declaração de Bolsonaro, que afirmou que Zambelli “teria prejudicado a tentativa de reeleição do ex-presidente” – em referência a um incidente em que ela foi vista perseguindo um militante da esquerda com uma arma – levanta questões sobre a postura do ex-presidente perante sua aliada.
Consequências e futuras ações
O futuro de Carla Zambelli está indefinido e dependente não apenas de suas ações, mas também da deliberação da CCJ e do posicionamento de seus colegas de partido. A possibilidade de novo depoimento de Delgatti pode trazer mais controvérsias ao processo que já é envolto em especulações e reviravoltas. A luta pelo mandato e pela integridade política é palpável e afeta não apenas a deputada, mas também a estrutura política em que está inserida.
Com o desenrolar dos eventos, será essencial observar como a situação se desenvolverá nas próximas semanas e qual será a influência das declarações e ações dos líderes partidários sobre a defesa de Carla Zambelli.