A situação na Faixa de Gaza se tornou insuportável, especialmente para a população cristã local. O pároco da Sagrada Família, Pe. Gabriel Romanelli, descreve a extrema dificuldade enfrentada pelos civis, acentuada pela falta de ajuda humanitária, altos preços dos alimentos e um calor sufocante. “Somente o fim da guerra dará um verdadeiro sinal de esperança”, afirma o religioso, que clama por um desfecho pacífico para a crise que já dura mais de 630 dias.
Uma realidade devastadora
A vida na Faixa de Gaza é um verdadeiro desafio. Com bombardeios constantes e a repressão do Hamas, os civis tentam sobreviver em meio ao caos. No último domingo, 29 de junho, o exército israelense ordenou a evacuação de diversos bairros ao norte de Gaza, incluindo a cidade velha e Jabaliya. Os 500 cristãos que habitam a paróquia da Sagrada Família, no entanto, não receberam a ordem de evacuação. Pe. Romanelli menciona que a insegurança é constante e que não há um lugar seguro nesse “teatro de guerra”. Ele relata como os bombardeios atingem áreas próximas à igreja, causando trauma e luto na comunidade.
A ajuda humanitária: uma solução ineficaz
Em um contexto onde a ajuda humanitária é crucial, o recente anúncio do governo israelense sobre o fim do bloqueio na Faixa de Gaza e a liberação da ajuda por meio de uma fundação controversa não trouxe alívio a quem mais precisa. “Não é a solução”, diz Romanelli, que critica a falta de centros de distribuição adequados. O mais próximo dos refugiados é localizado ao sul de Gaza, distante da paróquia. “Estamos vivendo das reservas que conseguimos juntar antes do bloqueio e, a cada dia, essa situação se torna mais difícil”, explica o sacerdote. A situação é agrava pelo fato de que a ajuda recebida é frequentemente desorganizada e, em muitos casos, saqueada por aqueles que estão mais desesperados.
Inflação e escassez
O cenário só piora com a inflação descontrolada. Com a produção local quase inexistente, os preços dos alimentos dispararam, tornando-se inacessíveis para a maioria da população. Por exemplo, um quilo de tomates pode custar 15 euros (60 shekels), enquanto o quilo de açúcar pode chegar a 75 euros (300 shekels). Juntamente com esse panorama, as temperaturas atingem os 40 °C, somando à pintura umidade intensa que dificulta a sobrevivência dentro da paróquia. Além das dificuldades com a alimentação, a comunidade também sofre com constantes interrupções nas comunicações, que podem durar dias.
Um farol de esperança
Apesar de toda essa adversidade, os cristãos de Gaza tentam manter a esperança viva. Segundo Pe. Romanelli, eles continuam suas práticas religiosas e atividades de assistência para com doentes, feridos e idosos. Celebrações litúrgicas e brincadeiras ajudam a manter o espírito elevado no seio das crianças da paróquia. Mesmo sem segurança garantida, as famílias cristãs optaram por permanecer perto da igreja, buscando proteção na fé. “Sentimo-nos mais protegidos junto a Jesus”, afirmam os fiéis. Para o pároco, o clamor mais urgente é pelo término da guerra, um verdadeiro sinal de esperança que permitiria aos habitantes reconstruir suas vidas e lares destruídos.
No coração da Faixa de Gaza, a luta pela sobrevivência continua, e com ela, a luta por dignidade e paz. Enquanto isso, as vozes de desespero e clamor por ajuda não podem ser ignoradas.
Para mais informações, você pode acompanhar a cobertura em direto da situação na Faixa de Gaza no [Vatican News](https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2025-07/padre-romanelli-paroco-sagrada-familia-gaza-guerra-julho-2025.html).