A recente visita do prefeito do Rio de Janeiro e provável candidato a governador em 2026, Eduardo Paes (PSD), à cidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, acendeu uma nova crise política na região. O encontro com o secretário estadual de Transportes, Washington Reis (MDB), e a subsequente reação do presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União), sinalizam a tensão que permeia o cenário eleitoral. Com campanhas emergentes e interesses divergentes, os atores dessa disputa começam a se movimentar intensamente, preparando o terreno para a batalha política do próximo ano.
O encontro que incendiou a política local
No último domingo, Paes publicou um vídeo nas redes sociais ao lado de Washington Reis, destacado político local e ex-prefeito de Duque de Caxias. Na gravação, Paes elogia Reis como “o professor dos prefeitos” e destaca o projeto Fazenda Paraíso, que visa a recuperação de dependentes químicos, como um modelo a ser seguido. Essa abordagem amistosa contrasta fortemente com as tensões que emergem sob a superfície política, especialmente considerando a proximidade das eleições.
Um dia após esse evento, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) respondeu com um movimento significativo: aprovaram, em sessão presidida por Bacellar, a convocação de Reis para prestar depoimento à CPI da Transparência. Este gesto não apenas demonstra a rivalidade entre Bacellar e Reis, mas também uma estratégia clara de pressionar Reis em meio a seus dilemas legislativos e pessoais.
Reis em linha de tiro
Washington Reis tem se posicionado como um importante candidato à governadoria, flertando com Paes e a direita, mas sua estratégia está se tornando cada vez mais arriscada. Ele questiona a legitimidade de sua convocação à CPI, insinuando que o movimento reflete as tensões de uma “tensão pré-eleitoral” notável. “Eles têm que me explicar qual é o objeto da convocação”, afirmou Reis em uma declaração, destacando que a luta pelo poder está se intensificando.
Nos bastidores, aliados de ambos os lados vêm discutindo “riscar o chão” para definir as alianças para 2026. O embate é não apenas político, mas também pessoal, com Reis se tendo tornado um alvo direto devido às suas interações com Paes e a postura contrariada em relação a Bacellar. Essa dinâmica se complica ainda mais pelo novo contexto jurídico de Reis, que recentemente recebeu uma indicação positiva do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação a suas condenações. O desfecho relacionado à sua inelegibilidade poderá alterar drasticamente a configuração política no estado.
A dança das alianças
O movimento de Reis pode redefinir o cenário entre Bacellar e Paes. Enquanto Bacellar é visto como o nome que representaria a direita, Reis, por sua vez, possui conexões valiosas com o bolsonarismo, que o tornam um jogador chave. O ex-prefeito de Duque de Caxias, que já foi favorecido por Jair Bolsonaro em tempos passados, busca um espaço onde possa equilibrar suas relações com ambos os lados do espectro político — alinhando-se ao mesmo tempo a Paes e a Bacellar, dependendo dos interesses. A habilidade de Reis em manobrar esse jogo poderá ser crucial na definição do rumo do MDB no Rio de Janeiro.
Implicações para o cenário eleitoral de 2026
Com Duque de Caxias ocupando a posição de segundo maior colégio eleitoral do Rio, os candidatos à governadoria precisam observar atentamente os desdobramentos dessa tensão. A cidade não apenas representa um reduto eleitoral, mas também um indicativo da influência que cada um dos candidatos terá no jogo eleitoral. Reis e Bacellar terão um papel preponderante na criação de um ambiente que pode influenciar dezenas de milhares de votos.
Assim, enquanto os políticos se movimentam em direção aos seus objetivos, fica claro que as tensões entre Paes, Reis e Bacellar apenas sinalizam o que virá na próxima corrida eleitoral. As articulações que estão sendo feitas agora deixarão suas marcas na política fluminense, determinando o futuro governante do estado. Para o eleitor, o desafio será acompanhar essa dança de interesses em um ambiente que se apresenta cada vez mais volátil.
Nos próximos meses, os desdobramentos envolvendo essas figuras e suas estratégias vão moldar não apenas a eleição para o governo, mas também o entendimento da política no Rio de Janeiro, à medida que velhas alianças se quebram e novas se formam sob a luz da disputa eleitoral de 2026.