O secretário de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, Robert F. Kennedy Jr., afirmou na semana passada que uma de suas iniciativas de saúde — a retirada do fluor da água potável — pode ter consequências negativas, como aumento de cáries em crianças. A declaração veio após questionamentos sobre os riscos e benefícios da medida, que é alvo de debates acalorados.
Kennedy admite possíveis riscos da retirada do fluor na água
Em entrevista ao programa The Faulkner Focus, Kennedy reconheceu que a eliminação do fluor poderia resultar em um aumento nos casos de cárie dentária, especialmente entre crianças de baixa renda. “É uma questão. É um equilíbrio. Provavelmente veremos um ligeiro aumento nas cáries”, afirmou.
Apesar disso, Kennedy mantém sua posição contra o uso do fluor, citando argumentos baseados em suspeitas de riscos à saúde, como possíveis efeitos sobre o QI de crianças, segundo o estudo do NTP (National Toxicology Program). Contudo, especialistas enfatizam que décadas de evidências apontam que a fluoridação é segura e eficaz, e que sua suspensão leva ao aumento da incidência de cáries, como ocorreu em cidades que removeram o componente de seus sistemas de abastecimento.
Reação de associações e especialistas ao posicionamento de Kennedy
A Associação Americana de Odontologia (ADA) declarou, em abril de 2025, que a fluoridação comunitária é segura e fundamental para a saúde bucal. Segundo nota oficial, “o uso de fluor na água potável, por mais de 80 anos, ajudou a reduzir significativamente as cáries”.
Entretanto, o debate ganhou espaço em plataformas como Reddit, onde internautas criticaram a proposta de Kennedy. Comentários como “Isso só vai aumentar a desigualdade, prejudicando quem já tem dificuldades de acesso aos cuidados odontológicos”, refletem o mal-estar social com a visão do secretário.
Contexto internacional e estudos científicos
Alguns países europeus não utilizam fluor na água, adotando outras estratégias, como fluoridação do sal ou do leite, e continuam a manter bons índices de saúde bucal. Segundo a BBC, na Noruega, por exemplo, há áreas com fluor natural na água, e o país não extinguiu sua utilização como forma de prevenção.
Já o estudo do NTP alertou que níveis de fluoreto acima de 1,5 mg/L podem afetar o QI infantil, embora a recomendação do CDC seja de 0,7 mg/L. Especialistas argumentam que níveis controlados e seguros não deveriam ser alvo de duvidas, argumentando que a suspensão do fluor na água é uma política de privilégio.
Perspectivas e debates atuais
Enquanto Kennedy parece disposto a seguir com sua proposta, a comunidade científica e a sociedade continuam a defender a fluoridação como política pública comprovadamente eficaz. O governo dos EUA ainda discute novas regulamentações, mas o risco de elevar as desigualdades na saúde bucal preocupa entidades de saúde pública.
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