No coração da Tanzânia, uma iniciativa inovadora busca construir um futuro mais pacífico e inclusivo por meio da comunicação. A ONG italiana Cefa, pertencente à rede Focsiv, está implementando um abrangente plano de formação para jornalistas, blogueiros e emissoras de rádio locais. O objetivo é fomentar campanhas de diálogo e não violência em um país que enfrenta desafios significativos devido a tensões sociais e econômicas.
A formação em Dar es Salaam
A capital econômica do país, Dar es Salaam, foi o palco de dois dias intensivos de treinamento que reuniram diversos profissionais de comunicação. Leonardo Luca Vignini, representante da Cefa, destacou a importância desse treinamento que visa envolver jornalistas, influenciadores digitais e comunicadores de rádio. “As campanhas que surgirão desse esforço serão divulgadas em rádio, internet e redes sociais, focando principalmente nos distritos de Tanga e Mtwara, regiões que frequentemente são negligenciadas em termos de desenvolvimento”, explicou Vignini.
Entre os influenciadores que participarão da iniciativa estão Aluwa Mkilindi, Betina Contine e Asha Mwijuma, figuras conhecidas nas mídias sociais e capazes de impactar um público amplo. Estações de rádio como Kunani Fm, Care Fm e Radio Newala também fazem parte dessa colaboração, utilizando seus canais para espalhar mensagens de paz e inclusão.
Caravanas da paz no contexto regional
A formação é apenas uma parte de um projeto mais amplo conhecido como “Kujenga Amani”, que significa “construir a paz” em suaíli. Essa iniciativa já organizou “caravanas da paz”, que incluem encontros em escolas, torneios de futebol e diálogos com líderes religiosos, buscando integrar diferentes segmentos da sociedade. Dario De Nicola, coordenador da Cefa na Tanzânia, enfatiza a importância de uma abordagem regional: “O projeto cobre vários pontos da Costa Suaíli, que abrange não apenas a Tanzânia, mas também Moçambique e Quênia, países que também enfrentam desafios semelhantes.”
Enfrentando os desafios da marginalização social
Com o apoio da União Europeia, a iniciativa “Kujenga Amani” tem um horizonte de 36 meses e visa construir parcerias sólidas com ativistas e representantes da sociedade civil, especialmente com jovens e mulheres. Diversas organizações, como a Agência para a Construção da Paz e a Fundação Global Religions for Children, estão colaborando para criar um espaço onde o diálogo possa florescer.
Um dos maiores desafios enfrentados na região de Mtwara, por exemplo, é a recente descoberta de campos de gás natural que não se traduziram em oportunidades de emprego nem em melhoria na qualidade de vida da população. Durante a formação, Aluwa Mkilindi, influenciadora e defensora dos direitos das mulheres, enfatizou que o jornalismo deve se concentrar em narrativas positivas: “Precisamos valorizar histórias que promovam o que é bom, ao invés de nos fixarmos apenas naquilo que gera medo e notícias negativas.”
Através dessa formação e das campanhas que dela decorrem, espera-se criar uma rede de comunicação que não apenas informe, mas que também promova uma cultura de paz e inclusão, essencial para o desenvolvimento sustentável da Tanzânia e da região da Costa Suaíli.
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