O terrorismo e a violência, em suas várias formas, têm sido instrumentos políticos ao longo da história. Na literatura, no entanto, essa temática é menos explorada e conhecida. Um dos autores que trouxe esse enfoque foi Henaux, que, ao longo dos anos, conquistou diversos discípulos, especialmente em sua cruzada contra o que considerava usurpadores infiéis. Isso culminou na formação de uma egrégora, um verdadeiro “exército machadiano”, que visava discutir a moralidade e a ética entre os seres humanos, utilizando como base as obras de Machado de Assis.
A vindicta fidelis e os ecos na mídia
O movimento que Henaux liderava manteve seu nome original, “vindicta fidelis”. Apesar de ser um grupo controverso, suas atividades raramente eram amplamente divulgadas, aparecendo apenas nos rodapés dos grandes jornais. Essa falta de reconhecimento midiático refletia a complexidade das discussões que permeavam suas crenças e a relação com a literatura machadiana.
Por outro lado, observava-se uma onda de eventos trágicos envolvendo críticos literários, que, em circunstâncias peculiares, encontraram destinos inesperados. Alguns se acidentaram, outros faleceram subitamente, enquanto alguns simplesmente desapareceram, criando uma aura de mistério em torno do movimento. Esse cenário alimentava as desconfianças e as teorias sobre a verdadeira natureza do grupo.
Os alvos de Henaux
Henaux já monitorava Ernesto Ficci e sua fortaleza no Cosme Velho, no entanto, nunca o considerou uma verdadeira ameaça. Em contraste, Jerusa se tornou um alvo quando Franz, um dos membros do grupo, soube de informações comprometedoras por meio de um garçom.
O que realmente movia Henaux era o temor de descobertas que poderiam comprometer a imagem e a obra de Machado. Um diário ou uma carta do autor poderia representar uma ameaça direta aos seus planos. Embora Franz não estava especificamente interessado no texto “A queda que as mulheres”, sentia que a obra do mestre deveria ser protegida a qualquer custo.
A natureza do tolo e do homem de espírito
Um aspecto crucial que poderia ser explorado em uma carta ou texto estava relacionado à distinção que Machado fez entre o “tolo” e o “homem de espírito”. O “tolo”, na visão machadiana, poderia ser mais do que uma mera caricatura do comum. Ele tinha uma conotação negativa, potencialmente ligada ao arquetípico “cafajeste”. Essa figura estaria, de certa forma, conectada ao nosso “malandro”, que reúne características de manipulação e malícia.
Por outro lado, o “homem de espírito” traz consigo qualidades que vão além do sensível, incluindo um refinamento intelectual e uma dignidade ética que o diferencia radicalmente do “tolo”. Essa distinção é vital para entender as nuances do ser humano na obra de Machado de Assis e na perspectiva que Henaux tinha sobre a literatura como forma de contestação.
A continuidade do debate
A complexidade da relação entre a literatura e a violência se faz presente nas obras de Machado, que aborda a condição humana em suas múltiplas facetas. O debate continua, e a literatura se transforma em um espelho das inquietações e dilemas da sociedade. A narrativa de Henaux, embora marcada por um viés obscuro, nos força a refletir sobre o que é ser um “tolo” ou um “homem de espírito”, questionando até onde a moralidade pode nos levar em tempos de incerteza e terror.
Enquanto a história se desenrola, as questões levantadas por essa controvérsia ainda reverberam nas páginas da literatura e no imaginário coletivo. As ligações entre a ética, a literatura e a violência são profundas e merecem ser examinadas com cuidado e consciência, pois revelam não só a luta de um homem contra outros, mas também a luta interna que todos enfrentamos ao confrontar nossas próprias direções morais e éticas.
Assim, a literatura, na figura de Machado de Assis e na dinâmica proposta por Henaux, serve como uma ferramenta de reflexão e crítica social, levando os leitores a questionarem constantemente os limites da condição humana.
Saiba mais sobre esse tema explorando as obras de Machado e as discussões contemporâneas em torno da literatura e política.