Brasil, 1 de julho de 2025
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liderança e tecnologia na construção de ambientes mais íntegros

Especialistas destacam a importância da cultura ética, inovação tecnológica e regulação eficiente para fortalecer governança empresarial

O avanço na estrutura de governança das empresas não depende apenas de regulações, mas também de um engajamento genuíno das lideranças em comportamentos pautados pela integridade. Segundo especialistas ouvidos no Fórum Ética e Compliance, a implantação de uma cultura ética sólida é fundamental para promover mudanças institucionais duradouras no Brasil, com destaque para a atuação conjunta de legislação, tecnologia e compromisso dos gestores.

O papel da regulação e da cultura na governança empresarial

De acordo com Pierpaolo Bottini, advogado criminalista e professor da USP, além de aprimorar as leis, é essencial promover uma reorganização cultural nas organizações para que as práticas de governança e compliance realmente funcionem na prática. Ele destaca que legislações como as Anticorrupção e de Organizações Criminosas, aprovada em 2013, criaram responsabilidades mais claras às empresas, exigindo protagonismo na prevenção de desvios.

“A Lei Anticorrupção trouxe responsabilidade, exigindo que as companhias atuem na prevenção, e não apenas na reação”, afirmou Bottini. Ainda segundo ele, o envolvimento da alta direção é imprescindível para que a cultura de integridade seja efetiva, além da necessidade de acompanhamento de canais de denúncia e melhorias na regulamentação de proteção ao denunciante.

Inteligência artificial como aliada da integridade

Especialistas reforçam que a tecnologia pode ser uma grande aliada na construção de ambientes mais éticos, ao aumentar a transparência e a eficiência na fiscalização. Marcela Greggo, coordenadora de Projetos de Integridade do Instituto Ethos, aponta que há casos de uso de inteligência artificial para aprimorar a apuração de denúncias, como fazer perguntas específicas aos denunciantes ou identificar casos em línguas indígenas.

“A IA pode captar informações de forma mais detalhada, ampliando o alcance das denúncias e ajudando na investigação”, explicou Marcela. Ela também ressalta a importância de incorporar a tecnologia no setor público, especialmente para lidar com o volume de informações recebidas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que conta atualmente com poucos funcionários para analisar milhões de notificações.

Reconciliação com o passado e valores essenciais

Durante o painel, Flávia Martins, juíza-ouvidora do STF, destacou que reconstruir uma cultura ética no Brasil também passa por enfrentar questões como o racismo, o patriarcado e os resquícios da ditadura, que ainda influenciam a sociedade. “É necessário olhar para esse passado não resolvido para construir um futuro mais justo”, afirmou.

Ela ressaltou que mudanças só acontecem se houver o envolvimento das lideranças máximas, que precisam endossar essas ações. “Sem esse respaldo, a ouvidoria e o compliance poderão existir apenas para cumprir requisitos legais, sem gerar impacto real”, analisou Martins.

Os desafios da fiscalização e o papel social da ética

O especialista Eduardo Giannetti reforça que fiscalização e punição são essenciais, mas sozinhas não resolvem todos os problemas. É preciso ampliar o entendimento de integridade, que hoje se limita a combater a corrupção, para incluir questões como assédio, racismo e trabalho escravo.

Para isso, é fundamental aprimorar canais de denúncia, garantindo anonimato e proteção contra retaliações, mesmo diante de regulamentações ainda frágeis. Marcela Greggo alerta que o compromisso de toda a organização, aliado ao uso estratégico da tecnologia, é o que mudará efetivamente o cenário de governança e ética no Brasil.

Perspectivas futuras

O Fórum Ética e Compliance também abordou a necessidade de uma mudança cultural mais profunda, que envolva o reconhecimento de parte do passado que ainda não foi totalmente enfrentada, como o racismo, o patriarcado e os resquícios autoritários. A especialista Flávia Martins destaca que essa transformação exige o engajamento de lideranças e uma revisão dos valores institucionais, para que a integridade vá além da simples conformidade legal.

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