A menos de dez dias para a retomada das tarifas “recíprocas” impostas pelos Estados Unidos, a administração Trump sinaliza que poderá alcançar apenas uma quantidade limitada de acordos comerciais. A trajetória recente demonstra um cenário de expectativas reduzidas em meio à postura imprevisível do governo americano.
O retorno das tarifas e o ambiente de incerteza
Em 2 de abril de 2025, o presidente Donald Trump anunciou o que chamou de “Dia da Libertação”, ao impor tarifas de até 50% sobre diversos países, antes de recuar, uma semana depois, com uma redução temporária de 90 dias. Contudo, esse período de pausa termina em 9 de julho, e Trump afirmou, em entrevista à Fox News, que não pretende estender o prazo, embora tenha mencionado a possibilidade de fazê-lo, “não seria um grande problema.”
Segundo analistas, a postura imprevisível de Trump tem causado volatilidade no mercado global, sendo rotulada de “TACO” (Trump Always Chickens Out). Enquanto isso, empresas, economistas e investidores criticam a estratégia de incerteza, que, na visão deles, prejudica o ambiente de negócios internacional.
Expectativas de acordos comerciais limitados
Apesar da promessa de “90 acordos em 90 dias” feita pelo assessor de Trump, Peter Navarro, a aproximação da data limite revela uma expectativa mais modesta. O chefe do comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou na semana passada que o país deve concentrar-se nos dez principais acordos, classificando-os como prioridade, enquanto outros países poderão ficar atrás na lista.
Já o secretário do Tesouro, Scott Bessent, declarou na sexta-feira que, se forem fechados entre 10 a 12 dos 18 principais relacionamentos comerciais, o país deve concluir as negociações até o Dia do Trabalho, em 1º de setembro, deixando de lado negociações menores que, na avaliação dele, poderão ser resolvidas com cartas informativas.
Negociações em andamento e obstáculos
As conversas com o Japão, um dos primeiros parceiros a negociar após a pausa anunciada por Trump, enfrentam obstáculos devido às discordâncias sobre políticas de proteção à agricultura, especialmente no setor de arroz. Enquanto negociações continuam, a expectativa é de que as ações do governo americano para ampliar sua influência comercial sejam limitadas, refletindo uma estratégia de concessões seletivas.
Perspectivas futuras
Com o prazo se aproximando, analistas avaliam que o governo Trump deve manter uma postura de negociações seletivas, priorizando acordos mais estratégicos e deixando de lado uma abordagem abrangente. A estratégia de limitar o número de tratados firmados pode impactar o alcance das metas de Trump para a política comercial nesta fase.
Especialistas destacam que a volatilidade criada pelo governo deve continuar no cenário internacional, influenciando não só negociações bilaterais, mas também a estabilidade dos mercados globais.