A cidade do Rio de Janeiro sediará, nos dias 6 e 7 de julho, a cúpula do BRICS, grupo de países emergentes do Sul Global. Com a presidência rotativa do Brasil, o encontro terá como pauta temas como mudanças do clima, cooperação em saúde global, mecanismos financeiros de desenvolvimento e reformas na governança internacional.
BRICS: formação, objetivos e ampliação de membros
Originalmente criado em 2001 pelo economista Jim O’Neill sob o termo “BRIC”, o grupo reúne atualmente Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de outros países convidados que reforçam sua influência global. Diferente de blocos tradicionais, o BRICS funciona como um mecanismo de cooperação política e econômica entre emergentes, sem regras fixas ou estruturas institucionais rígidas.
Segundo a economista Denize Batizelli, o objetivo do grupo é reequilibrar o poder econômico mundial. “Com potencial de alcançar 50% do PIB global até 2050, esses países representam uma força que rivaliza com os países desenvolvidos”, explica. Em 2011, a África do Sul entrou no grupo, ampliando o acrônimo para BRICS e marcando a primeira expansão oficial do bloco.
Ampliação e novos membros
Em 2024, o BRICS convidou mais seis países para integrar o grupo, totalizando agora 11 membros: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. Além disso, há uma lista de membros associados, incluindo Bolívia, Cuba e Malásia. Essa expansão aumenta a população representada pelo bloco para cerca de metade da população mundial, além de quase um terço do PIB global, fortalecendo sua influência.
Objetivos da cúpula no Rio de Janeiro
O principal objetivo do encontro, que acontece na capital fluminense, é fortalecer a cooperação entre países emergentes e discutir temas relevantes para o desenvolvimento do Hemisfério Sul. “Serão abordados assuntos como mudanças climáticas, inteligência artificial, mecanismos financeiros de desenvolvimento e a reforma da governança global”, destaca Batizelli ao portal iG.
O Brasil, como país sede, adotou o temática “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”. O foco está na reforma da governança internacional e no aprofundamento das parcerias Sul-Sul, promovendo alternativas aos mecanismos tradicionais, como o FMI e o Banco Mundial.
Perspectivas e desafios políticos
Por ter países como Rússia e China representados por seus vice ou representantes, a presença dos líderes principais será limitada. Vladimir Putin, presidente russo, não comparecerá à reunião devido ao mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), relacionado às ações na Ucrânia. Xi Jinping, líder chinês, também enviará um representante por questões de agenda, assim como o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi.
Especialistas avaliam que essas ausências podem dificultar a consolidação do BRICS como um polo de liderança mundial coeso, especialmente considerando as tensões internas e externas dos membros. Ainda assim, o grupo pode facilitar diálogos regionais e contribuir para o diálogo multilateral, mesmo diante dos conflitos e sanções internacionais.
De acordo com Yuri Ushakov, assessor de política externa do governo russo, a decisão de Putin de não comparecer reflete a atual situação política internacional e os conflitos envolvendo Moscou. A expectativa é que, mesmo com as ausências, o encontro fortaleça a cooperação e o debate sobre a reforma da governança global.
A cúpula do Rio de Janeiro pode consolidar o papel do BRICS como uma voz mais forte dos países emergentes na arena mundial, ampliando suas ações e influências frente ao cenário internacional em transformação.