Brasil, 1 de julho de 2025
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Bolsonaristas tentam apoio popular para sanções contra Moraes

Aliados de Bolsonaro exploram protesto na Avenida Paulista para justificar sanções de Trump contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes.

Um dia após a manifestação minimamente adesiva na Avenida Paulista, em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, aliados do político e do ex-presidente norte-americano Donald Trump passaram a disseminar, nas redes sociais, imagens do protesto bolsonarista pedindo sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O intuito é criar uma narrativa que reafirme um suposto respaldo popular no Brasil para uma eventual ação da Casa Branca contra o magistrado, mesmo com a adesão consideravelmente baixa à manifestação realizada em São Paulo.

Dimensões do ato e sua repercussão

Conforme informações do grupo de pesquisa “Monitor do Debate Político” da Universidade de São Paulo (USP), apenas 12,4 mil pessoas participaram do ato, que foi significativamente menos expressivo que um protesto similar ocorrido no mesmo local no mês de abril. No entanto, figuras públicas como Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e congressistas dos Estados Unidos compartilharam imagens de cartazes em inglês erguidos por manifestantes em São Paulo exigindo restrições contra Moraes, dirigidas a Trump e ao secretário de Estado americano, Marco Rubio.

Eduardo, que se encontra autoexilado nos Estados Unidos desde março e se posiciona como um dos principais articuladores da campanha por sanções no Congresso americano e na Casa Branca, postou uma foto de bolsonaristas segurando cartazes com a mensagem “Senhor presidente Trump e secretário Marco Rubio: nós pedimos socorro pela liberdade!! Lei Magnitsky já!”, referindo-se à legislação que prevê punição a violadores de direitos humanos.

A lei Magnitsky e suas implicações

A Lei Magnitsky Global, estabelecida durante a presidência de Barack Obama, em 2009, visa punir autoridades de outros países que violam direitos humanos. O uso dessa legislação pode resultar em severas restrições financeiras, as quais são comumente descritas como uma “pena de morte financeira”. Isso significaria que, se Moraes fosse sancionado, ele estaria na lista das sanções Ofac (Office of Foreign Assets Control), o que confere ao governo dos EUA o poder de impedir empresas americanas de negociar com ele, comprometendo seu acesso a serviços financeiros e de viagens.

No dia da manifestação, Eduardo também postou vídeos e fotos relacionados, que mostravam bandeiras americanas e discursos em inglês feitos por outros políticos, como Gustavo Gayer (PL-GO), visando ampliar a visibilidade e o apoio ao movimento.

“Brasileiros foram às ruas ontem para pedir a Donald Trump e Rubio por sanções contra o ministro Alexandre de Moraes. O protesto foi convocado pelo presidente Jair Bolsonaro”, escreveu Eduardo em um post na plataforma X.

O apoio internacional e suas controvérsias

O parlamentar norte-americano Rich McCormick (Geórgia) chegou a afirmar que “milhões” de apoiadores de Bolsonaro estavam nas ruas, inflacionando o número de participantes do ato. Essa declaração, incorreta, não foi posteriormente desmentida, lançando sombra sobre a veracidade dos números apresentados.

Além disso, Paulo Figueiredo, um jornalista que é um dos organizadores da campanha por sanções e que já foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), orientou os apoiadores a compartilharem apenas imagens dos protestos que não mostrassem seus rostos, visando criar uma “fotografia” que capturasse um suporte popular significativo para a pressão contra o STF e, por consequência, para o governo Trump.

Mesmo com o volume de apoio nas redes sociais, a realidade sobre a adesão popular ao movimento parece contradizer a imagem que os bolsonaristas tentam pintar. A aparente discrepância entre a narrativa criada e os números reais de participação levanta questões sobre o futuro da dinâmica política entre o Brasil e os EUA, especialmente quando se considera a política externa do atual governo americano.

A possibilidade de sanções contra, Alexandre de Moraes, ainda não é uma certeza. As expectativas dos bolsonaristas de que Washington tomasse providências imediatas sobre a questão se frustraram, conforme relatado por colunistas que abordam a política internacional. A expectativa agora recai em declarações e ações futuras que poderiam reafirmar ou negar o embasamento dessa proposta de sanção.

Conclusão

De modo geral, a manifestação na Avenida Paulista pode ser interpretada como um reflexo das tensões políticas atuais no Brasil, onde a polarização continua a provocar mobilizações tanto nas ruas quanto no espaço virtual. Com tentativas de validar um apoio popular que contradiz a realidade, os bolsonaristas ainda buscam conexões internacionais para fortalecer seu discurso e pressionar a política interna. No entanto, resta saber se essa estratégia realmente surtirá efeito a curto prazo, tanto no Brasil quanto no âmbito da comunidade internacional.

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