No primeiro semestre de 2025, o Ibovespa atingiu seu melhor desempenho desde 2016, com uma alta de 15,44%, fechando a 138.854 pontos, enquanto o dólar caiu para R$ 5,433, representando uma desvalorização de 12,08%. Esses movimentos refletiram uma reviravolta nos mercados financeiros brasileiros, que surpreenderam investidores diante das previsões iniciais de alta dos juros e do risco cambial.
Principais ganhadores do Ibovespa no semestre
As ações mais valorizadas foram de segmentos ligados à economia doméstica e setores sensíveis às taxas de juros, como ensino superior, energia elétrica, varejo e construção. Destaque para as ações da Cogna (+162,9%), Assaí (+99,16%), Yduqs (+96,94%), Direcional (+75,85%) e CVC (+70,29%).
Segundo Marcel Andrade, chefe da área de soluções de investimento da SulAmérica Investimentos, mesmo com a escalada da Selic, investimentos ligados à economia interna se recuperaram, impulsionados também pela perspectiva de que o ciclo de alta de juros promovido pelo Banco Central esteja chegando ao fim. “As ações ligadas ao setor de ensino superior, energia e varejo tiveram forte desempenho”, aponta Andrade.
Setores em destaque e suas variações
Além das ações de educação, ações do setor de energia elétrica e bancos também se destacaram. Enquanto as ordinárias da Petrobras recuaram 15,8% e as da Vale 2,95%, setores como educação, energia e varejo tiveram ganhos expressivos no período.
Desempenho das ações que mais perderam
As maiores perdas ocorreram nas ações de RD Saúde (-30,9%), Brava Energia (-25,94%) e São Martinho Açúcar e Etanol (-24,42%). Esses recuos evidenciam a variação de perspectivas em setores específicos e a volatilidade que ainda marca o mercado brasileiro.
Contexto internacional e fatores internos
Especialistas ressaltam que o ambiente externo teve impacto significativo no cenário local. Luan Aral, da Genial Investimentos, destaca que as incertezas relacionadas às políticas do ex-presidente Donald Trump e a desconfiança sobre a sustentabilidade da dívida dos EUA aumentaram a volatilidade global, levando à saída de capitais e à desvalorização do dólar.
“Se tem uma coisa que o investidor valoriza é previsibilidade,” afirma Aral, reforçando que a instabilidade internacional e as altas taxas de juros no Brasil também atraíram capitais estrangeiros, tornando a renda fixa brasileira mais atrativa. Assim, a taxa Selic subiu de 12,25% para 15% neste período, ampliando o diferencial em relação ao restante do mundo.
Investimentos estrangeiros e cenário interno
De janeiro a 25 de junho de 2025, a entrada de capitais estrangeiros na B3 foi de aproximadamente R$ 25,2 bilhões, graças ao aumento de investimentos em mercados emergentes e ao fim do ciclo de alta de juros. Jerson Zanlorenzi, do BTG Pactual, afirma que o fluxo de recursos reforçou a alta do mercado acionário brasileiro, mesmo com o cenário interno ainda instável.
No entanto, especialistas alertam que os desafios fiscais continuam sendo uma preocupação, com problemas de sustentabilidade da dívida pública persistindo desde o ano passado. “Os desafios fiscais que enfrentamos não são de agora, e continuam a representar uma pedra no sapato dos investidores,” comenta Grübler, da AMW Investimentos.
Perspectivas para o segundo semestre
Apesar do bom desempenho, analistas ressaltam que o cenário interno ainda demanda atenção, especialmente no aspecto fiscal. A expectativa é que a polícia fiscal do governo continue buscando reformas estruturais para sustentar a recuperação econômica, enquanto o mercado monitora de perto os movimentos do Federal Reserve e a política internacional.
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