O uso da biometria facial para identificar torcedores e facilitar o acesso aos estádios se tornou uma realidade no Brasil, transformando a experiência de assistir a um jogo de futebol. Desde a implementação pelo Palmeiras, que é um dos clubes pioneiros na utilização dessa tecnologia, torcedores como Matheus relatam que as longas filas e a confusão na entrada já estão se tornando parte do passado. A segurança e a agilidade são agora prioridades, deixando apenas a expectativa pela performance do time em campo.
“A princípio eu não gostei muito da ideia. Sempre havia problemas na entrada e as filas eram grandes, o que me incomodava. Mas com o tempo, tudo se resolveu e hoje vejo que foi um grande acerto”, afirma Matheus, torcedor do Palmeiras.
Atualmente, alguns clubes já adotaram a biometria facial, enquanto outros ainda se preparam para implementá-la. A tecnologia, que se tornou obrigatória em estádios com capacidade mínima de 20 mil torcedores, foi estabelecida pela Lei Geral do Esporte, sancionada em junho de 2023, e começará a vigorar oficialmente a partir de 14 de junho de 2025.
A importância da segurança nos estádios
A adoção da biometria facial atende a um desejo crescente tanto dos clubes quanto dos torcedores: a segurança. Em entrevistas realizadas pelo iG Esporte, os torcedores expressaram uma avaliação positiva sobre a ferramenta, que promete coibir práticas como o cambismo e eliminar fraudes, proporcionando uma experiência mais tranquila e controlada durante os eventos esportivos.
Como funciona a biometria facial?
Ricardo Cadar, fundador da Bepass, uma das principais empresas responsáveis por essa tecnologia no Brasil, explicou como o reconhecimento facial nos estádios representa um avanço significativo tanto para os torcedores quanto para a segurança. “Antigamente, a entrada no estádio apenas requeria a apresentação do QR Code, e não havia uma identificação obrigatória da pessoa que o utilizava. Isso possibilitava que alguém comprasse vários ingressos para outras pessoas”, comentou o empresário.
Com a biometria facial, a situação muda completamente. “Agora, precisamos dos dados da pessoa, como CPF e telefone, que tornam possível a identificação, além do reconhecimento facial”, acrescentou. Essa medida aumenta a segurança, pois permite a rápida identificação de qualquer pessoa que cause problemas nas dependências do estádio, facilitando a aplicação de punições administrativas ou legais.
A implementação da biometria também promete agilizar o acesso aos estádios. “A velocidade de entrada é quase três vezes maior do que era com os métodos tradicionais. A experiência dos torcedores muda significativamente”, garantiu Ricardo.
A visão dos torcedores sobre a nova tecnologia
Os torcedores têm uma visão majoritariamente positiva sobre a implementação da biometria facial. André David, um torcedor são-paulino, afirma que, apesar do medo inicial do desconhecido, vê a tecnologia como um avanço, especialmente em termos de segurança. “Tive a oportunidade de estar presente no dia da implementação no Morumbi, e apesar da confusão inicial, a situação se normalizou em eventos seguintes”, destaca.
Palmeirenses como Matheus Talassi e Enzo Sbrighi também notam melhorias. “A entrada está muito mais rápida e a presença de cambistas diminuiu drasticamente. E além disso, é um dinheiro que vai para o clube, ao invés de para cambistas. Essa tecnologia realmente chegou para ficar e deve ser implantada em outros estádios”, afirmou Matheus.
Por outro lado, Enzo ressaltou um ponto a ser considerado: a dificuldade para repassar ingressos. “Apenas alguém que esteja cadastrado na plataforma pode entrar, o que pode dificultar para quem deseja levar um amigo ou familiar para o jogo”, explicou.
A avaliação dos clubes
Diversos clubes já confirmaram a implementação da tecnologia com resultados positivos. O Palmeiras, por exemplo, já reportou a prisão de 220 pessoas com pendências judiciais que tentaram acessar o estádio. Segundo Ricardo, a violência ao redor do Allianz Parque diminuiu cerca de 80% desde a adoção da biometria.
O Santos também se tornou parte dessa iniciativa, tendo registrado uma redução significativa de fraudes e conflitos entre torcedores. “Os dados mostram um efeito positivo na segurança, sabendo que todos os presentes podem ser identificados”, revelou o clube.
O São Paulo e o Corinthians também estão progressivamente integrando essa tecnologia visando melhorar a segurança e o acesso de seus torcedores aos estádios. O Tricolor recém-implementou o sistema e espera que a normalidade do acesso seja otimizada, enquanto o Timão é o último dos grandes clubes a aderir a essa modernização.
Assim, parece que a biometria facial não apenas torna a experiência do torcedor mais segura, mas também redefine o futuro dos eventos esportivos no Brasil. A tecnologia continua a expandir seus horizontes, e a certeza é de que sua implementação será cada vez mais comum nos estádios brasileiros.