Os dados mais recentes do Ministério da Saúde revelam uma preocupante realidade sobre acidentes relacionados a escorpiões no Brasil. Em 2023, foram registradas 131 mortes, um aumento alarmante de 42,39% em comparação com 2022, quando houve 92 óbitos. Essa estatística revela que, em média, uma pessoa morre a cada três dias devido a picadas de escorpiões. O país também registrou um total de 202.714 acidentes envolvendo esses animais, o que representa uma média de um acidente a cada três minutos.
Grupos de risco e principais vítimas
Entre as vítimas, as crianças até 9 anos foram as mais afetadas, contabilizando 44 casos fatais em 2023. O Ministério da Saúde destaca que essa faixa etária apresenta um risco elevado de evolução para óbito devido às picadas, com um aumento de 47% em relação ao ano anterior. Além das crianças, os idosos também estão entre os grupos mais vulneráveis, com 25 mortes registradas, enquanto jovens de 20 a 29 anos totalizaram 17 óbitos.
A situação é especialmente crítica em Minas Gerais, que lidera o número de mortes causadas por escorpiões, com 67 registros em 2023, correspondendo a 51% de todos os casos no Brasil. Na sequência, aparecem a Bahia com 28 mortes e Goiás com 8. Um dado alarmante apontado pelo Ministério é que a letalidade aumenta significativamente quando as vítimas demoram a procurar atendimento médico. Aqueles que buscam ajuda em até uma hora têm taxa de letalidade bem menor do que aqueles que esperam até 12 horas.
Aumento de casos e regiões mais afetadas
O boletim epidemiológico também mostra que a quantidade de acidentes envolvendo escorpiões cresceu 10% em relação ao ano anterior, passando de 183.738 casos em 2022 para 202.714 em 2023. O estado de São Paulo lidera em número de ocorrências, com 48.655 acidentes registrados. Santa Catarina se destacou pelo maior aumento percentual, com um salto de 64% nos casos, passando de 374 para 612.
No entanto, em termos de casos por habitantes, Alagoas é o estado mais afetado, com 365 registros para cada 100 mil pessoas. As três cidades com mais acidentes no Brasil foram Maceió (AL), Brasília (DF) e Fortaleza (CE), com 4.991, 2.898 e 2.868 casos, respectivamente.
Medidas de prevenção e ações necessárias
O Ministério da Saúde recomenda algumas medidas de prevenção para reduzir o número de acidentes com escorpiões. A limpeza dos ambientes, vedação de entradas e descarte adequado de lixo são fundamentais, visto que esses animais buscam locais quentes e úmidos. Além disso, a população é orientada a manter os quintais e jardins limpos, evitando acumulação de entulhos.
Em caso de picadas, a orientação é lavar a área afetada com água e sabão, aplicar uma compressa morna e buscar atendimento médico imediatamente. O paciente deve, se possível, levar uma foto do escorpião para facilitar a identificação da espécie e o tratamento adequado.
Perigos dos escorpiões e duas mil espécies
Com cerca de 2.500 espécies de escorpiões no mundo, aproximadamente 180 delas estão no Brasil. Embora todos possuam veneno, apenas cerca de 2% podem causar acidentes graves em seres humanos. Os quatro escorpiões mais perigosos do país pertencem ao gênero Tityus e incluem o escorpião-amarelo (T. serrulatus), o escorpião-amarelo-do-Nordeste (T. stigmurus), o escorpião-marrom (T. bahiensis) e o escorpião-preto-da-Amazônia (T. obscurus). As picadas desses escorpiões são extremamente dolorosas e podem ser fatais, especialmente para crianças e idosos.
Em conclusão, a crescente taxa de acidentes e mortes por picadas de escorpiões no Brasil representa um sério problema de saúde pública que demanda atenção urgente. A conscientização sobre prevenção e a ação rápida em caso de picadas são fundamentais para proteger as populações mais vulneráveis. A sociedade como um todo, juntamente com as autoridades de saúde, deve se mobilizar para enfrentar esse desafio, garantindo que informações e recursos estejam disponíveis para todos.