A Advocacia-Geral da União (AGU) apresentou um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que a Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC), que visa manter o decreto que aumenta o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), permaneça sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Essa solicitação surge em um contexto de tensão entre o Executivo e o Legislativo, após o Congresso Nacional barrar o aumento do imposto.
A justificativa da AGU para a manutenção da relatoria
A AGU fundamenta seu pedido na existência de outro processo semelhante já em análise por Moraes. O ministro está avaliando uma ação apresentada pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSol), que questiona a decisão do Congresso de tornar ineficaz o decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para o advogado-geral da União, Jorge Messias, é fundamental que a ADC fique com Moraes por “prevenção”, já que ele já está familiarizado com o tema.
A principal diferença entre os pedidos da AGU e do PSol reside no objetivo de cada um. Enquanto o PSol busca a declaração de inconstitucionalidade da decisão do Congresso, a AGU pede que os efeitos do decreto de Lula sejam restaurados. Messias defende que o retorno do aumento do IOF é uma questão de segurança jurídica e constitucionalidade, uma vez que a medida não ultrapassa os limites do poder regulamentar conferido ao presidente.
Declarações do advogado-geral da União
Na manhã do dia 1° de julho, Messias destacou que a ação no STF tem um caráter jurídico, e não político, reiterando as premissas da AGU sobre a constitucionalidade do decreto. “Não é uma questão política, é uma questão jurídica”, afirmou ele, enfatizando a importância do Judiciário na declaração da inconstitucionalidade de atos normativos.
Messias argumenta que o Congresso, ao aprovar um decreto legislativo que sustou o aumento do IOF, extrapolou suas atribuições constitucionais. “Se entendemos que um decreto que o presidente da República adota é constitucional, não teria outra saída, se não levar o assunto ao Supremo Tribunal Federal, em benefício da segurança jurídica que todos nós prezamos”, completou.
Comunicação da AGU ao Congresso Nacional
O advogado-geral também revelou que o governo federal comunicou previamente os presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta e Davi Alcolumbre, sobre a decisão de ingressar com uma ADC no STF. Essa comunicação foi realizada pela ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e tem como objetivo ressaltar que a iniciativa do Executivo é embasada em fundamentos jurídicos.
Messias reiterou que o governo vê a decisão do Congresso como uma violação da Constituição e que, portanto, a ação no STF é uma medida necessária e urgente. “Eles foram informados da nossa intenção. O que estamos fazendo é um ato absolutamente necessário, com um enfoque estritamente jurídico” afirmou.
Perspectivas futuras
Com a ação da AGU e a sua relatoria nas mãos de Moraes, o desfecho deste caso poderá ter grandes implicações tanto para o governo Lula quanto para a relação entre os poderes Executivo e Legislativo. O cenário jurídico e político brasileiro está em constante mutação, e a decisão do STF poderá ser um divisor de águas na condução da política econômica do país, especialmente diante da crítica situação fiscal que o Brasil enfrenta.
O desdobramento desta questão também pode influenciar outras ações legislativas e a forma como o Congresso age em relação à legislação proposta pelo Executivo. Assim, a decisão a ser tomada por Moraes será observada atentamente, tanto por analistas políticos quanto por cidadãos, que aguardam definições claras sobre o futuro da política fiscal brasileira.
O aumento do IOF, previsto para fomentar as receitas do governo, é um tema delicado, sendo capaz de gerar reações diversas tanto no mercado quanto na população. Portanto, a AGU e o governo apostam em um posicionamento favorável do STF para garantir a estabilidade e a segurança jurídica em um momento tão conturbado.