O documentário Trainwreck: The Cult of American Apparel, lançado em 1º de julho na Netflix, revela os bastidores obscuros da gigante da moda fundada em 1989. A marca, que se tornou referência entre os hipsters e conhecida por suas campanhas provocativas, escondia um ambiente de trabalho opressivo e práticas questionáveis.Â
O “sonho americano” que virou pesadelo
Quando foi fundada, a American Apparel prometia roupas feitas nos Estados Unidos e salários acima do mínimo para seus funcionários. Seus clientes incluíam celebridades como Beyoncé, que costumava fazer compras nas lojas da marca. No entanto, por trás das campanhas ousadas, havia um ambiente de trabalho marcado por abusos e comportamentos inadequados.
Depoimentos no documentário afirmam que o fundador, Dov Charney, incentivava comportamentos sexuais explícitos no local de trabalho e violava limites pessoais dos funcionários. Novos empregados recebiam kits de boas-vindas com itens como vibradores, além de um livro motivacional e dispositivos que mantinham os funcionários sempre disponíveis para o trabalho, como Blackberrys. Filmagens exibem funcionários se beijando nos corredores da fábrica, enquanto Charney foi flagrado caminhando nu na frente de duas funcionárias.
Ambiente tóxico além das paredes da fábrica
O clima dentro da empresa era somente o começo de uma rotina de abusos. Um ex-funcionário chamado Carson relata que Charney costumava ligar para ele na madrugada, gritando “Eu te odeio!”, um comportamento comum na rotina do escritório. Além disso, jornadas de trabalho de até 36 horas eram frequentes.
Outro aspecto perturbador revelado pelo documentário é a relação de Charney com sua residência, onde mantinha o escritório da empresa. Jonny Makeup, ex-funcionário, conta que vivia na casa do empresário, que frequentemente recebia jovens em seu imóvel, descrito como uma “mansão Playboy para hipsters”. “Era uma festa constante”, afirma Jonny, destacando a existência de um ambiente decadente e promíscuo dentro do espaço de trabalho.
Impressões finais e impacto na cultura pop
O documentário expõe as contradições entre a imagem premium da marca e a cultura de abuso que imperava nos bastidores. Ainda que as campanhas tivessem uma pegada ousada, os relatos demonstram um lado sombrio, com condutas que fariam qualquer padrão ético questionar a verdadeira essência da American Apparel.
Segundo análises de especialistas, a exposição desses comportamentos ajudará a entender como ambientes de trabalho tóxicos podem estar disfarçados por uma fachada de sucesso e inovação. A queda da influência da marca, marcada por escândalos e mudanças internas, é analisada como um reflexo de uma cultura de trabalho que não condiz com os valores de responsabilidade social.
O impacto do documentário serve como um alerta sobre os limites éticos no mundo empresarial e reforça a importância de ambientes de trabalho saudáveis e respeitosos, mesmo para empresas que dependendo de uma comunicação provocativa para se destacar.