Brasil, 1 de julho de 2025
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Prada lança kolhapuris na passarela sem dar crédito à origem

Fashionista denuncia apropriação cultural de calçados tradicionais indianas sem reconhecimento, levantando debate sobre autoria e respeito.

Durante a apresentação da coleção masculina de Prada em Milão, apareceram sandálias de estilo tradicional indiano, semelhantes às famosas kolhapuris, sem menção à sua origem, causando repercussão nas redes sociais. Associação de estilistas e consumidores apontam apropriação cultural e falta de reconhecimento às comunidades artesanais.

A origem e o valor cultural das kolhapuris

As kolhapuris são calçados artesanais tradicionais de Kolhapur, cidade de Maharashtra, na Índia, produzidos por artesãos há gerações. São feitos manualmente com couro de búfalo, sem uso de cola ou materiais sintéticos, podendo levar até duas semanas para serem concluídos. Em 2019, receberam o selo de indicação geográfica.

Segundo especialista em cultura popular, Tania Sinha, “essas sandálias representam uma herança cultural e uma técnica artesanal que merecem respeito e reconhecimento adequado.”

O que aconteceu na passarela de Prada

Numa coletiva de imprensa, estilistas e seguidores notaram que as sandálias flat, com tiras minimalistas e design T, lembravam diretamente as kolhapuris tradicionais. A peça foi adquirida por mais de R$ 5.000, valor considerado exorbitante para uma réplica de calçado artesanal típico da Índia, sem qualquer referência a seu significado ou origem majoritária.

Postagens no Instagram, como a de Anaita Shroff Adajania, destacaram a semelhança, com comentários criticando a apropriação cultural e cobrança por reconhecimento justo: “Sem crédito, sem respeito, só uma cópia no luxo.”

Questão de reconhecimento e propriedade intelectual

Desde 2019, as kolhapuris possuem registro de indicação geográfica na Índia, que é uma certificação de origem, protegendo a autenticidade do artesanal e reconhecendo o trabalho das comunidades locais.

Enquanto isso, marcas de moda internacional têm se inspirado tradicionalmente na cultura indiana para criar produtos de alta-costura, muitas vezes renomeando e omissão de créditos às comunidades artesanais, alimentando a discussão sobre apropriação cultural na moda global.

Impactos culturais e éticos na moda

Especialistas ressaltam que, apesar de a inspiração cultural ser natural no mundo fashion, é fundamental reconhecer e valorizar as comunidades que preservam essas tradições. “Quando um item típico é chamado de nome estrangeiro ou simplesmente usado sem contexto, há uma invisibilização do seu significado verdadeiro”, explica a antropóloga Leila Almeida.

O debate também ressalta a importância de marcas globais adotarem práticas responsáveis, evitando copiar sem dar crédito, principalmente quando envolvem elementos culturais de comunidades vulneráveis.

Caminhos para uma moda mais consciente

Para o especialista em moda ética, Ricardo Fernandes, “marcas internacionais devem assumir a responsabilidade de buscar parcerias com artesãos locais e dar o devido crédito a eles, fomentando uma troca justa e preservando a autenticidade cultural.”

Essa controvérsia levanta o ponto critical de que, na moda, apropriação cultural não é apenas uma questão de estética, mas de respeito às origens. Se uma peça de tradição como a kolhapuri é valorizada, ela deve também ser respeitada e nomeada corretamente.

Enquanto o mundo da moda busca inovação e globalização, a história das kolhapuris reforça que reconhecimento, autenticidade e respeito cultural devem caminhar lado a lado na passarela.

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