Uma mulher de Alabama, que está grávida de sete meses, disse que ela e seu marido, apoiadores do ex-presidente Donald Trump, foram pegos de surpresa quando a ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA) deteve seu esposo, Ribvar Karimi, durante uma operação de captura de iranianos no último final de semana. A detenção reforça a atual política de endurecimento de imigração do governo dos Estados Unidos.
Detenção de iranianos sob alegações de ameaça à segurança nacional
Ribvar Karimi foi uma das 11 pessoas de origem iraniana presas na operação, alimentando a justificativa do Departamento de Segurança Interna (DHS) de que as ações visam “manter terroristas e suspeitos de terrorismo longe das comunidades americanas”. Segundo uma nota oficial do DHS, Karimi teria servido como atirador de elite no exército iraniano de 2018 a 2021 e possuiria uma carteira de identificação do Exército da República Islâmica do Irã.
De acordo com a agência, servidores militares no Irã enfrentam obrigatoriedade de serviço, podendo ser punidos por deserção ou fuga. A legislação iraniana prevê que desertores podem ser presos e os evadidos do recrutamento podem perder benefícios sociais e direitos civis, como emprego e educação. “Estamos fazendo o que o Presidente Trump mandou: tirar o que há de pior de dentro do país”, afirmou Tricia McLaughlin, subsecretária do DHS.
Controvérsia sobre o caso e a relação com a apoiadora de Trump
Morgan Gardner, esposa de Karimi, relata que seu marido “nunca lutou contra forças americanas ou aliados” e que, na verdade, combateu o grupo extremista ISIS, sendo capturado em uma ocasião durante seu serviço militar. Ela disse, ainda, que seu parceiro possui uma história de apoio ao seu país e aos Estados Unidos, inclusive defendendo a política de Donald Trump.
O casal se conheceu online, jogando Call of Duty: Mobile, e Gardner afirma que seu marido trouxe felicidade e ficou com ela em momentos difíceis, ajudando a cuidar de sua família e do pai durante uma crise de saúde. Uma página de arrecadação no GoFundMe foi criada por uma prima de Gardner para ajudar com os custos legais do casal, que aguardam uma resolução para sua situação migratória.
Questionamentos sobre a legalidade e impacto emocional
Segundo informações do Departamento de Segurança Interna, Karimi entrou legalmente nos EUA em outubro de 2024 com um visto de casamento K-1, destinado a noivos de cidadãos americanos, mas nunca regularizou sua situação junto às autoridades de imigração, o que poderia resultar na ordem de deportação.
Gardner destacou que seu advogado afirma que administrações anteriores possivelmente teriam protegido seu marido, dado que ele é casado com uma cidadã americana. Ela também revelou que, após descobrir a gravidez, interromperam o processo de obtenção do green card, temendo que Karimi fosse deportado.
“Sinto que ele foi especificamente alvo por sua origem e pelo que representa o país dele”, desabafou Gardner à WIAT, acrescentando que, apesar do momento difícil, ela espera que seu marido esteja ao seu lado quando ela der à luz.
Medo do retorno e as preocupações da família de Karimi
Karimi corre o risco de ser deportado para o Irã, país onde, por sua oposição ao regime, pode enfrentar prisão ou até risco de vida, devido à sua postura favorável aos Estados Unidos. A família do iraniano teme pela sua segurança, caso ele seja enviado de volta ao país de origem.
O episódio ocorre em um momento de forte tensionamento migratório e político, levando a questionamentos sobre o impacto das políticas de imigração adotadas pelo governo norte-americano durante os últimos anos. A história também gerou debates dentro da própria comunidade de Gardner, que, embora apoie as políticas de Trump, agora se vê diante de uma situação emocional e complexa.
A história de Morgan e Ribvar foi originalmente publicada no HuffPost e destaca as emoções e controvérsias que envolvem imigração, apoio político e direitos humanos nos EUA.
