Desde que a Microsoft investiu quase US$ 14 bilhões na OpenAI, a disputa por liderança em inteligência artificial no setor corporativo ganhou força. Apesar da forte presença do ChatGPT, muitos funcionários de empresas renomadas preferem a tecnologia da OpenAI, o que representa um obstáculo para o sucesso do Copilot, assistente da Microsoft utilizado por grandes clientes.
Contrastes entre o Copilot e o ChatGPT no ambiente corporativo
Embora o Copilot seja amplamente promovido como uma ferramenta de IA integrada aos produtos da Microsoft, como Outlook e Teams, usuários relatam preferência pelo ChatGPT, que já domina o mercado de chatbots para uso doméstico e empresarial. Segundo Jared Spataro, chefe de iniciativas de IA para o ambiente de trabalho na Microsoft, a popularidade do ChatGPT no mercado de consumidores não se traduz necessariamente em adequação para o uso corporativo.
“Nosso foco é pegar a melhor tecnologia disponível e ajustá-la para o ambiente empresarial”, afirmou Spataro. Apesar disso, a equipe de vendas da Microsoft enfrenta dificuldades para diferenciar o Copilot do ChatGPT, que é mais conhecido e utilizado em casa por muitos funcionários.
Desafios na integração e diferenças de percepção
Uma das dificuldades apontadas é o atraso nas atualizações do Copilot, que podem levar semanas para chegar aos softwares da Microsoft, dificultando a competitividade. Além disso, muitas empresas, como a New York Life Insurance, testam ambos os assistentes, coletando feedback para decidir qual adotam definitivamente. Ainda assim, a preferência de usuários por tecnologias mais familiares, como o ChatGPT, influencia na adesão aos novos assistentes.
Impacto da concorrência e avanços estratégicos
Enquanto a Microsoft tenta consolidar sua liderança, outras empresas também investem em IA. A Meta, por exemplo, busca US$ 29 bilhões em crédito privado para financiar data centers de IA nos EUA, conforme reportado pelo jornal The Wall Street Journal. A OpenAI, por sua vez, tem fechado acordos com concorrentes da Microsoft e lançou produtos por assinatura voltados a diferentes segmentos de mercado, incluindo empresas, escolas e usuários individuais.
A disputa pelo mercado de IA na programação e o papel da tecnologia na transformação digital
Além do setor corporativo, a OpenAI adquiriu recentemente a Windsurf, uma assistente de programação por IA que compete com o GitHub Copilot da Microsoft. A estratégia da empresa é ampliar o número de usuários pagos, que já chega a 3 milhões — um aumento de 50% em poucos meses. Especialistas afirmam que o mercado de assistentes de IA ainda está em fase de teste, com muitas empresas explorando diferentes soluções.
Preços, percepções e o futuro da IA corporativa
Embora o Copilot seja oferecido a US$ 30 por mês por usuário, o preço ainda é considerado atrativo diante do custo do ChatGPT Enterprise, que pode chegar a US$ 60. A OpenAI adotou um modelo de preços baseado no uso, o que pode reduzir custos e estimular a adoção no longo prazo. Clientes como a Bain & Co. já usam a ferramenta, mas a preferência ainda se divide, com a Microsoft tentando ampliar sua participação.
Segundo fontes, empresas como o Barclays, a Volkswagen e a Accenture têm mais de 100 mil usuários pagos do Copilot, indicando um esforço concentrado da Microsoft em ampliar sua presença. Contudo, a preferência por produtos da OpenAI, aliados à demora nas atualizações do Copilot, complicam a estratégia de dominância da gigante de tecnologia.
Perspectivas e desafios futuros
O CEO Satya Nadella reforçou a importância de transformar a vasta base de usuários da Microsoft em usuários de seus aplicativos com inteligência artificial, o que pode ser difícil se a preferência continuar com o ChatGPT. A integração de IA nas ferramentas de trabalho é vista como o próximo passo na transformação digital, mas a disputa pelo domínio da tecnologia ainda está longe de seus desfechos finais.
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Fonte: O Globo
