No jogo contra o San Francisco Giants em 14 de junho, a cantora colombiana-americana Nezza foi impedida de interpretar o hino nacional em espanhol, gerando forte repercussão e questionamentos sobre a postura do time em relação às comunidades latinas de Los Angeles. A atleta afirmou que, embora inicialmente tenha sido questionada, decidiu cantar a versão em espanhol como forma de protesto diante das recentes ações de imigração na cidade.
Polêmica envolvendo o hino em espanhol e apoio às comunidades imigrantes
Nezza revelou que, com o aumento das operações de imigração e os ataques às comunidades latinas, decidiu interpretar o hino na língua de seus pais, ambos imigrantes. “Porque eu não iria fazer isso pelos meus, especialmente agora”, disse ela em vídeo viral no TikTok, que atingiu quase 14 milhões de visualizações. Na gravação, ela mostra conversas com um representante dos Dodgers, que inicialmente não impediu sua performance, mas momentos antes do jogo, a equipe recuou, proibindo a cantora de cantar em espanhol.
A cantora contou que, mesmo após a negativa, decidiu seguir adiante e cantar a música em espanhol, em uma forma silenciosa de protesto. Além do apoio público, ela também recebeu mensagens de solidariedade, reforçando a conexão com a comunidade latina e a história do estádio, construído no bairro Chavez Ravine, palco de expulsões forçadas de moradores mexicanos na década de 1950.
Reação da comunidade e críticas à postura do Dodgers
Internautas e torcedores reagiram de forma veemente, lembrando os episódios históricos de discriminação e exclusão ligados ao estádio. “Pensei que o time finalmente estivesse apoiando seus fãs latino-americanos, e agora percebo a hipocrisia”, comentou um torcedor. Outros destacaram que a recusa em apoiar a cultura latina contradiz a própria história do estádio, construído às custas do deslocamento de uma comunidade mexicana.
Alguns usuários também criticaram a postura do Dodgers, apontando o episódio como um exemplo de intolerância. “Se eles não apoiam sua própria comunidade, que esperança temos de ações concretas para os imigrantes na cidade?”, questionou outro torcedor. Há quem deixe claro que, enquanto o time tenta se retratar com ações hipócritas, há uma necessidade de apoio genuíno às minorias históricas de Los Angeles.
Histórico e contexto do hino espanhol
O episódio reacende a discussão sobre o documento de 1945, durante a política de “Boa Vizinhança” do presidente Franklin D. Roosevelt, que autorizou uma versão em espanhol do hino, escrita por Clotilde Arias, chamada “El Pendón Estrellado”. A música permaneceu como a única versão oficial permitida para canto, símbolo de uma tentativa de aproximação cultural entre os EUA e América Latina na época.
Nezza ressaltou que, apesar de uma história de apoio à imigração, a atual postura do Dodgers demonstra uma contradição com a receptividade que a comunidade latina merece. “Me orgulho de ter cantado, mesmo assim, pelo meu povo”, afirmou ela em vídeo de follow-up, destacando a importância de sua atitude e o sentimento de pertencimento.
Consequências e respostas
Após o incidente, o representante dos Dodgers teria entrado em contato com o manager de Nezza, exigindo que ela nunca mais fosse convidada a se apresentar no estádio, segundo a cantora. Em suas redes sociais, ela compartilhou emoções e agradeceu o apoio da comunidade, reforçando seu posicionamento contra a discriminação.
O episódio evidencia o contraste entre a história de resistência e luta por direitos das comunidades latinas e atitudes atuais de uma das equipes mais tradicionais da Major League Baseball. A discussão continua acesa nas redes sociais, enquanto muitos questionam: até quando times como o Dodgers vão ignorar a representatividade de seus torcedores?