O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (30) que o governo seguirá fazendo “justiça social”, mesmo com debates acalorados e críticas referentes às medidas de aumento de impostos, como o decreto do IOF que foi derrubado pelo Congresso. Haddad ressaltou a importância de não se deixar intimidar nesse processo.
Política social em foco e respostas às críticas ao aumento de impostos
Durante o lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar 2025/2026, no Palácio do Planalto, Haddad discursou sobre as políticas sociais do governo, como o reajuste da tabela do imposto de renda e a proposta de isenção do tributo para quem recebe até R$ 5 mil. Ele destacou: “Vamos continuar fazendo justiça social, pode gritar, pode falar, vai chegar o momento de debate, mas temos que continuar fazendo justiça social e não podemos nos intimidar.”
Controvérsia envolvendo o IOF e o debate no Congresso
O evento foi marcado por uma tensão em relação à possibilidade de judicialização do debate sobre o IOF e a tramitação do projeto de isenção do imposto de renda. Haddad aproveitou a oportunidade para criticar o ex-presidente Jair Bolsonaro, defendendo a proposta do governo e justificando as ações como forma de fechar brechas em leis que frequentemente beneficiam grandes empresários.
“Estão falando de aumento de imposto porque? Porque estamos fechando brechas? Fazendo o andar de cima pagar? Nós vamos continuar fechando todas as brechas, os jabutis, que no Brasil são órfãos de pai e mãe, aparecem em uma lei para favorecer um grande empresário. Tirar esse jabuti do regramento é um parto, e cada vez que a gente tira o jabuti da árvore, há uma grita de aumento de imposto. Isso não é aumento de imposto, é o mínimo de respeito com o trabalhador que paga as contas em dia”, afirmou Haddad.
Medidas de ajuste nas contas públicas e o Plano Safra 2025/2026
Haddad também destacou a necessidade de ajustes na economia, afirmando que cortar gastos é inevitável e que o governo lançou nesta segunda o Plano Safra da Agricultura Familiar, com foco em pequenos produtores e aumento na linha de crédito, que totaliza R$ 89 bilhões. O presidente Lula destacou a importância do programa, citando que uma taxa de juros de 5% ao ano, com inflação na mesma faixa, representa juros reais zero.
O evento contou com participação do presidente Lula, que reforçou o compromisso de aumentar a produção agrícola de pequenos agricultores, além de mencionar o esforço de facilitar o acesso ao crédito, com a ampliação do limite para compra de máquinas e equipamentos de R$ 50 mil para até R$ 100 mil, com juros de 2,5%. Para máquinas maiores, o limite chega a R$ 250 mil, com juros de 5%.
Contexto e repercussões
Segundo analistas, a estratégia do governo para ajustar as contas públicas deverá envolver uma combinação de cortes de gastos e medidas fiscais que visem fechar brechas, como destacou o especialista em economia, Rafael Mendes. “Cortar gastos é inevitável, mas é preciso equilibrar o ajuste fiscal com políticas sociais”, avalia.
O esforço de Haddad e Lula ocorre em um momento de acirramento do debate político e de resistência à aprovação de novas medidas fiscais no Congresso, que podem impactar o cenário econômico e social do país.