Brasil, 30 de junho de 2025
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Discurso de Lula se torna mais próximo das periferias

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva muda discurso e amplia presença em periferias, propondo aumento de impostos sobre ricos.

Enquanto enfrenta a maior crise política de seu terceiro mandato e se prepara para a reeleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu adotar um novo tom em seu discurso. A estratégia envolve uma ampliação de sua presença em regiões periféricas do Brasil, acompanhada da proposta de aumentar impostos sobre os mais ricos, com o intuito de beneficiar as camadas mais pobres da população. Em contrapartida, Lula se distancia da agenda de corte de gastos, promovida por partidos aliados em sua coalizão governista.

Ações nas comunidades

O Palácio do Planalto viu com bons olhos a visita do presidente à Favela do Moinho, em São Paulo, na última quinta-feira. O evento foi modificado para facilitar um contato mais próximo com os moradores, onde Lula anunciou a compra de moradias para os integrantes da comunidade. O ato não contou com palanque, permitindo uma conversa direta com a população em um espaço mais informal, como uma quadra de esportes. As imagens da visita foram amplamente divulgadas nas redes sociais, reforçando sua nova abordagem.

No dia seguinte, durante um discurso em Tocantins, Lula fez uma reflexão sobre a percepção negativa que parte da população tem dele devido à proposta de elevar o Imposto de Renda sobre os estratos mais ricos. Essa mudança tem como objetivo compensar isenções tributárias para aqueles que ganham até R$ 5 mil mensais. O presidente declarou que sua posição política é alinhada ao “povo trabalhador, professores e classe média baixa”.

Uma nova estratégia política

O presidente retoma o caminho das comunidades em uma semana especial, em que participará das comemorações da Independência da Bahia, um dos maiores eventos populares no estado. Outras viagens com a mesma proposta estão sendo analisadas, mas há uma tendência de que as viagens internacionais sejam reduzidas, limitando-as às situações imprescindíveis, como a Cúpula do Mercosul, que ocorrerá na mesma semana.

Este roteiro reflete uma radicalização do discurso em meio ao agravamento das tensões com o Congresso, especialmente depois da derrubada do decreto que aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Apesar de projetos que poderiam contribuir para a recuperação das contas públicas estarem parados, como o da restrição dos supersalários, líderes do Congresso têm pressionado a gestão atual a apresentar propostas efetivas para contenção de gastos. No entanto, a poucos meses da eleição, o governo evita assumir compromissos claros.

Críticas à falta de propostas concretas

Expertos e opositores criticam a resistência do governo em abordar de maneira profunda a crise fiscal enfrentada e a escassez de propostas que visem a um corte de gastos. A discussão tem se centrado no aumento da arrecadação por meio da elevação de impostos. Dados recentemente divulgados pelo Banco Central indicam que o governo arrecadou R$ 1,2 trilhão entre janeiro e maio, marca recorde para o período.

O cientista político Carlos Pereira, professor da FGV, comenta: “O governo terá que cortar gastos. As chances de se alcançar o equilíbrio das contas apenas pelo aumento da carga tributária são baixas, especialmente em um contexto onde a maioria legislativa do Executivo não é sólida.”

A economista Zeina Latif argumenta que a administração começou o mandato ampliando gastos e criand novas políticas públicas sem realizar o ajuste fiscal necessário. “Para o próximo ano, a situação pode ser de colapso. Não existe uma solução mágica. E, mesmo que houvesse, o contexto político é desfavorável. Portanto, o governo terá que implementar um controle rigoroso de gastos, talvez até rever políticas como o Pé-de-Meia e o Vale-Gás.”

A retórica eleitoral e a percepção popular

A estratégia do governo petista parece estar centrada na busca por uma narrativa eleitoral. Assessores de Lula afirmam que o momento é de insistir na tese de “colocar o pobre no Orçamento e o rico no Imposto de Renda”, uma fala que ele já utiliza desde a campanha de 2022. Levantamentos internos do Planalto indicam que a proposta está recebendo aceitação positiva da população, representando uma oportunidade de solidificar a imagem desejada para o terceiro mandato.

Carlos Portinho, líder do PL no Senado, opina que a derrota do governo em relação ao IOF reflete disparates na condução econômica. “Já alertamos sobre isso. O governo foca apenas em arrecadar impostos, afetando a todos, inclusive os pobres. Se recorrer ao STF para reverter o IOF, vai arriscar ainda mais sua governabilidade e prejudicar sua relação com o Congresso.”

Os cortes no Orçamento já têm impactado instituições públicas essenciais, como agências reguladoras, universidades federais e o INSS. Relatórios revelam que 90% do montante disponível para a União está comprometido com despesas obrigatórias, criando uma situação crítica. O Banco Mundial alerta que o ajuste nas contas deve girar em torno de 3% do Produto Interno Bruto, enquanto a Instituição Fiscal Independente (IFI) aponta que o atual ritmo de crescimento das despesas se torna insustentável.

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