A Dinamarca está prestes a dar um passo significativo em direção à igualdade de gênero nas forças armadas, ao implementar o alistamento militar obrigatório para mulheres. A mudança, que representa um marco na história militar do país, foi aprovada pelo parlamento dinamarquês em junho e foi motivada pela crescente necessidade de fortalecimento das forças armadas diante da situação global atual, especialmente com a crescente agressividade da Rússia.
Reforçando a participação feminina
Até recentemente, a única forma de mulheres participarem do serviço militar na Dinamarca era por meio do voluntariado. Elas podiam se alistar como membros da força armada desde a década de 1970, mas o novo regulamento irá modificar isso. As mulheres que completarem 18 anos a partir de agora serão introduzidas em um sistema de loteria para alistamento, juntamente com os homens. Essa medida visa garantir que todos os cidadãos, independentemente do gênero, contribuam para a segurança nacional.
Katrine, uma jovem soldada que passou por quatro meses de treinamento militar, afirmou: “Na situação em que o mundo se encontra agora, é necessário. Acho que é justo e correto que as mulheres participem igualmente com os homens.” Essa nova abordagem é uma resposta direta ao clima de tensão decorrente da invasão da Ucrânia pela Rússia e ao aumento do investimento militar em países membros da OTAN.
A nova estrutura de alistamento
A reforma no alistamento militar dinamarquês não apenas inclui mulheres, mas também prevê uma reestruturação no período de serviço. A partir de agora, a duração do serviço militar obrigatório será estendida de quatro para 11 meses, sendo cinco meses dedicados ao treinamento básico e seis meses ao serviço operacional. Essas mudanças visam aumentar o número de conscritos e, por consequência, a capacidade de combate do país.
Col. Kenneth Strøm, chefe do programa de conscrição, destacou a importância de aumentar o número de soldados. “Eles poderiam participar da dissuasão coletiva da OTAN. Aumentar o número de conscritos resultaria em mais poder de combate”, disse. Atualmente, a Dinamarca conta com cerca de 9.000 militares profissionais, e a previsão é que esse número aumente para 6.500 pessoas realizando serviço militar anualmente até 2033.
Desafios e reajustes
Embora a mudança represente um progresso significativo, existem desafios a serem enfrentados. Rikke Haugegaard, pesquisadora do Royal Danish Defense College, alertou sobre problemas como equipamentos inadequados e a necessidade de mais instalações para acomodar o aumento no número de soldados, o que pode levar tempo para ser resolvido. “Nos próximos um ou dois anos, estaremos construindo muitos novos edifícios para acomodar todas essas pessoas. Portanto, será um processo gradual”, acrescentou.
Contexto internacional e comparação com outras nações
Essa mudança na Dinamarca se alinha a uma tendência crescente entre os países nórdicos na adoção de um serviço militar mais inclusivo. A Suécia, por exemplo, instituiu um alistamento militar tanto para homens quanto para mulheres em 2017, enquanto a Noruega fez o mesmo em 2013. Essas decisões refletem a percepção comum entre essas nações sobre um ambiente de segurança em deterioração na Europa.
Com a implementação do alistamento feminino e o fortalecimento das forças armadas, a Dinamarca busca não apenas responder às ameaças externas, mas também promover a igualdade de gênero no serviço militar. Essa iniciativa pode servir de modelo para outros países que buscam equilibrar a representação de gênero em suas forças armadas, garantindo que todas as pessoas sejam convocadas a contribuir em tempos de necessidade.
À medida que o mundo enfrenta incertezas e desafios novos, a Dinamarca mostra que está disposta a se adaptar e inovar, promovendo um exército mais inclusivo e, consequentemente, mais forte.