Na próxima semana, o Brasil assume a presidência do Mercosul, um bloco econômico que une países da América do Sul. Sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), uma das principais metas é finalizar o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Além disso, haverá foco na integração nos setores automotivo e açucareiro, essenciais para a economia da região.
O evento de transição ocorrerá em Buenos Aires, na Argentina, onde Lula participará da Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados. Essa será a primeira visita de Lula ao país desde que Javier Milei assumiu a presidência da Argentina, em um contexto marcado por tensões durante a campanha de Milei.
O que é o Mercosul?
- O Mercosul é um bloco político e econômico da América do Sul, criado para promover a integração regional entre seus membros. O principal objetivo é facilitar o livre comércio de bens, serviços e outros setores produtivos.
- Os membros do Mercosul incluem Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, enquanto a Bolívia está em processo de integração, o que pode levar até quatro anos.
- Além dos países membros, o Mercosul conta com nações associadas, como Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Panamá, Peru e Suriname.
- De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, entre janeiro e maio de 2025, o intercâmbio entre os membros do Mercosul atingiu R$ 17,5 bilhões.
- A presidência brasileira chega com a intenção de impulsionar o comércio nos setores automotivo e açucareiro.
Acordo Mercosul-União Europeia
No início da presidência, um dos principais focos do Brasil será concluir as negociações entre o Mercosul e a União Europeia. O governo Lula tem a expectativa de assinar o acordo o mais rápido possível. Reuniões recentes entre Lula e o presidente francês, Emmanuel Macron, buscam acelerar essa agenda.
Apesar do otimismo, especialistas afirmam que o acordo ainda está longe de ser finalizado, embora tenha havido avanços significativos nas tratativas desde que Lula assumiu a presidência, especialmente em questões ambientais. A professora Lia Valls, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), explica que a postura do governo anterior sobre a questão ambiental prejudicou as negociações com os europeus.
“Com a ameaça do governo Bolsonaro de deixar o Acordo de Paris e a falta de prioridade às questões ambientais, o andamento das negociações foi comprometido. A mudança na abordagem do Brasil pode facilitar um entendimento mais favorável”, afirma a professora.
Outro impasse nas negociações é a questão ambiental, especialmente em países como França, Irlanda e Espanha. O setor agrícola francês é politicamente influente e expressou preocupações sobre impactos negativos resultantes do acordo.
Negociações longas e complexas
As discussões sobre um possível acordo entre o Mercosul e a União Europeia se arrastam há mais de 20 anos. O pesquisador Leonardo Paz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), aponta que as negociações foram aceleradas durante o governo de Michel Temer, mas com concessões que, em sua análise, não foram as melhores para a indústria brasileira.
Com o governo Bolsonaro, a construção de um entendimento foi dificultada pelos embates com líderes europeus, como Emmanuel Macron. O professor Eduardo Galvão, do Ibmec Brasília, destaca os receios sobre o impacto do acordo na indústria regional e as exigências ambientais europeias, que podem atuar como barreiras comerciais disfarçadas.
“Do lado do Mercosul, há preocupações sobre os efeitos na indústria e no comércio devido às exigências ambientais europeias”, ressalta Galvão.
Além de buscar melhorias nas relações com a União Europeia, o Mercosul analisa a possibilidade de expandir seus acordos comerciais com outras nações, como Japão e Indonésia, ainda em fase preliminar de deliberações.
O Brasil, sob nova administração, se prepara para um desafio significativo, buscando o fortalecimento econômico da região e a conclusão de um acordo altamente esperado. Existe um potencial inegável para transformar o Mercosul em um bloco ainda mais robusto, mas o caminho será repleto de negociações complexas e profundas reflexões sobre integração econômica.
Para acompanhar as novidades sobre o Mercosul e os objetivos da presidência brasileira, fique atento às atualizações.