Pressionado pelas pesquisas que apontam baixa aprovação ao governo Lula, o PT vai às urnas no próximo domingo, 29 de outubro, para eleger seu novo presidente. Atingido por disputas internas e desafios externos, o partido enfrenta um momento decisivo enquanto tenta resgatar sua importância no cenário político nacional.
A corrida pela presidência do PT
Dos quatro postulantes ao cargo, três cobram mudanças significativas no Planalto e na política de alianças destinadas às eleições de 2026. A exceção é o favorito Edinho Silva, que atribui os problemas enfrentados pelo governo Lula à incessante polarização política e ao crescente poder do Congresso sobre o Orçamento.
“O maior patrimônio do PT é o governo Lula. Se não fosse ele, o partido não teria superado as crises que viveu. O PT deve se posicionar e disputar os rumos da coalizão. Entretanto, não defender o governo Lula é um imenso erro”, ressalta o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social, que evidencia o dilema que permeia as discussões internas.
Candidatos e suas propostas
Três vezes presidente do PT, Rui Falcão argumenta que deseja voltar ao cargo para resgatar os “princípios fundadores” da sigla e garantir sua independência em relação ao governo. Segundo ele, “o partido deve apoiar e dar sustentação política. Mas, para ser forte, precisa ter o direito de criticar quando achar que o rumo não está adequado. Essa divisão de papéis precisa estar muito clara, senão o PT se torna o puxadinho do governo, algo que nunca foi”.
Outra voz importante na corrida é a de Valter Pomar, o candidato mais à esquerda dentro do partido. Pomar se apresenta como a opção de ruptura com a política atual. “O PT está numa encruzilhada. Edinho representa a manutenção da política atual, de conciliação com o modelo primário-exportador e com o capital financeiro. Eu represento a mudança. A política atual já nos levou a uma derrota em 2024, nas eleições municipais. Mantê-la vai nos levar a outra derrota em 2026”, afirma o historiador e candidato à presidência do PT.
Movimento pela mudança dentro do partido
Romênio Pereira, da corrente Movimento PT, também defende uma atitude mais crítica em relação ao Planalto. Ele comenta: “Nossa bancada tem que votar 100% com o governo, mas o partido precisa ter liberdade para conversar e afirmar que é necessário mudar. Sem mudança, será difícil alcançar uma nova vitória em 2026”.
Os debates acalorados e as diferentes perspectivas dos candidatos refletem a complexidade do momento atual pelo qual o PT está passando. As divisões internas podem tanto enfraquecer o partido, se não houver um consenso, quanto oferecer uma oportunidade de renovação, caso os integrantes consigam alinhar suas visões em prol de um objetivo comum.
Expectativas para o futuro
À medida que as eleições internas se aproximam, a atenção do público se volta para como o novo líder irá lidar com as críticas direcionadas ao governo Lula e quais medidas serão tomadas para revitalizar o partido. A capacidade de unir forças e encontrar um caminho que equilibre a crítica e o apoio ao governo será fundamental para a sobrevivência e relevância do PT nos próximos anos.
Portanto, a eleição interna do PT, marcada para este domingo, não é apenas uma escolha de liderança, mas uma oportunidade para redefinir os rumos da política do partido e, possivelmente, para o futuro político do Brasil. Resta saber se os postulantes conseguirão atender à demanda por mudanças enquanto mantêm a identidade e a razão de ser do PT.