No último dia do julgamento de Sean “Diddy” Combs, o advogado de defesa procurou deslegitimar as acusações feitas contra o magnata da música, alegando que as vítimas estavam motivadas por interesses financeiros e desafiando a ideia de que ele liderava uma rede criminosa. A fase final do julgamento se desenrolou em uma atmosfera tensa, com promotores rebatendo as alegações e afirmando que a defesa estava “retorcendo os fatos”.
A agressividade das acusações
A procuradora Maurene Comey enfatizou que, ao longo dos anos de abusos, Combs havia extrapolado todos os limites. “Em sua mente, ele era intocável”, declarou. A procuradora ressaltou que Combs nunca imaginou que as mulheres que ele supostamente abusou teriam coragem para denunciar suas ações. “Isso termina neste tribunal”, completou, afirmando que “o réu não é um deus”.
Durante a audiência, o advogado de defesa, Marc Agnifilo, minimizou os relatos de mulheres que tiveram relacionamentos prolongados com Combs e que afirmaram ter sido forçadas a participar de festas de sexo regadas a drogas e escortas pagas. Para Agnifilo, a narrativa dos promotores retratava Combs como um homem violento que usava seu pessoal e sua riqueza para criar um “clima de medo”.
As relações complicadas de Combs
Com 55 anos, Combs era descrito por seu advogado como um “empreendedor negro de sucesso que se fez sozinho”, argumentando que seus relacionamentos eram “complicados, mas consensuais”. Agnifilo tentou desconstruir a narrativa metódica apresentada pela advogada da acusação, Christy Slavik, que gastou quase cinco horas detalhando as acusações e os fundamentos jurídicos por trás delas, incluindo provas documentais significativas.
Uma das questões centrais do caso é a alegação de que Combs liderou uma organização criminosa composta de funcionários seniores que “existi para atender às suas necessidades”. O advogado de defesa ressaltou que nenhum desses indivíduos prestou depoimento contra Combs ou foi nomeado como co-conspirador. “Isso deveria ser simples”, disse Agnifilo, sugerindo que a complexidade apresentada indicava a inexistência de um crime.
Testemunhos de abusos e agressões
Dois testemunhos proferidos durante o julgamento, de Casandra Ventura e de uma mulher identificada como Jane, descreveram abusos, ameaças e coerção sexual em detalhes vívidos. O advogado de defesa admitiu que a violência doméstica estava presente nos relacionamentos, mas insistiu que isso não configurava tráfico sexual, afirmando que as mulheres eram adultas consentindo voluntariamente. A procuradora Comey rebateu, alegando que estavam sendo “manipuladas” para atos “descarados” de tráfico sexual e ressaltou os exemplos mais claros das acusações.
Agnifilo também se referiu à ação civil de Ventura contra Combs, na qual ela recebeu 20 milhões de dólares, questionando o conceito de “vencedor” nessa história. A procuradora voltou a classificar essa ideia como insultuosa, chamando a atenção para as consequências físicas das relações abusivas que enfrentou.
Novas denúncias e o futuro de Combs
O caso é mais complexo do que aparenta e envolve múltiplas camadas de depoimentos e evidências. Durante todo o julgamento, jurados analisaram um grande volume de registros telefônicos, incluindo mensagens de afeto trocadas entre Combs e as duas mulheres, embora a procuradora tenha insistido que essa leitura isolada não representa o quadro completo.
Na próxima segunda-feira, o juiz Arun Subramanian orientará os jurados sobre como aplicar a lei às evidências durante suas deliberações. Se condenado, Combs poderá enfrentar penas severas, potencialmente passando o resto da vida atrás das grades. Além disso, novas denúncias de assédio sexual contra Combs foram protocoladas essa semana, revelando uma situação que pode se complicar ainda mais para o artista.
Serão os jurados de Nova York responsáveis por decidir o futuro de Diddy, em meio a um caso que envolve fama, poder e graves acusações de abuso e crime.
