Nos últimos anos, o Flamengo tem se destacado não apenas pelo seu desempenho em campo, mas também pela forma como tem gerido suas finanças. Com um faturamento que ultrapassou R$ 1 bilhão, o clube carioca busca em modelos de gestão europeus, como os do Bayern de Munique e do Real Madrid, referências para continuar crescendo, mesmo diante de desafios financeiros e esportivos.
A comparação com o Bayern de Munique
O Flamengo, que já arrecadou mais de R$ 1 bilhão, se vê distante dos gigantes europeus, especialmente do Bayern de Munique, que faturou 1 bilhão de euros. No entanto, ambos os clubes compartilham a experiência de ter números positivos em suas finanças. O Bayern surgiu como referência durante discussões sobre a possível implementação de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) no Flamengo. Essa modelagem se contrapõe à estrutura tradicional brasileira, onde as associações desportivas são controladas pelos clubes e os investidores têm uma participação limitada de 25%.
No ano passado, a diretoria do Flamengo promoveu uma imersão na estrutura organizacional do Bayern, buscando entender como o clube alemão consegue equilibrar gestão eficiente com sucesso desportivo. Essa análise incluiu também a estrutura do seu estádio, uma referência importante para o projeto do Gasômetro, que atualmente se encontra em pausa.
Inspirações de outros clubes europeus
Historicamente, as referências esportivas do Flamengo têm se expandido para além do Bayern. O Real Madrid e o Barcelona sempre foram exemplos a serem seguidos, especialmente nas categorias de base, e em competições como a Adidas Cup, realizada nos Estados Unidos. Durante seu processo de reestruturação financeira, o clube brasileiro contou com consultorias internacionais, como a Double Pass, da Bélgica, e a Exos, dos Estados Unidos. Conversações com o Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, também foram significativas, dada a ampla colaboração do clube ucraniano nas negociações de jogadores brasileiros.
Mais recentemente, o Flamengo procurou imitar o Arsenal e o Liverpool em aspectos relacionados à análise de mercado e desempenho técnico. O Bayern continua sendo um modelo em termos de governança e disciplina financeira, elementos que o Flamengo tenta incorporar em sua própria estrutura para garantir uma gestão sólida e competitiva.
Desafios enfrentados e ciclo virtuoso
O Flamengo viveu momentos desafiadores, especialmente na pandemia, que acarretou quedas significativas nas receitas. Outro ponto crítico foi o ano passado, marcado por uma série de lesões de jogadores convocados para as datas FIFA. Contudo, o clube rubro-negro, tal como o Bayern, investe em trazer os melhores jogadores para garantir títulos e manter o ciclo virtuoso que resultou em conquistas expressivas: duas Libertadores, duas Copas do Brasil, dois campeonatos brasileiros, três Supercopas e cinco títulos cariocas. O único troféu que ainda falta na coleção é o Mundial.
Ponto de vista do técnico
Para Filipe Luís, técnico do Flamengo, as comparações com os clubes europeus podem ser desnecessárias, dado que a realidade entre as equipes ainda é bastante distinta. Ele acredita que a elite europeia conta com os melhores jogadores voltados para ganhos financeiros e visibilidade, como é o caso de Vinícius Júnior, que brilha no Real Madrid. Embora reconheça que o futebol brasileiro tem apresentado progresso, ele enfatiza que não é necessário vencer um jogo contra essas potências para validar a evolução do futebol nacional.
“Podemos vencer e as comparações existem, mas não sentimos a necessidade de provar nada. O nosso futebol pode estar melhorando, mas ainda estamos distantes no que diz respeito às condições financeiras e de competitividade com os clubes europeus”, conclui Filipe Luís.
O Flamengo, portanto, segue sua jornada, buscando inspiração em grandes clubes europeus, ao mesmo tempo em que navega por um complexo cenário de desafios e oportunidades no futebol brasileiro.