No coração do Pantanal mato-grossense, especificamente no Parque Estadual Encontro das Águas em Poconé, uma notável família de onças-pintadas tem chamado a atenção de milhões de pessoas nas redes sociais. A matriarca Patrícia, a mãe Medrosa e os filhotes Marcela e Rio se tornaram astros graças ao biólogo João Marcelo Biagini, que registra meticulosamente suas interações e hábitos diários. Esses registros revelam um lado intimista e selvagem da vida das onças, conquistando o coração de espectadores e despertando um novo interesse pela preservação da fauna brasileira.
O impacto das redes sociais na conservação
João Marcelo Biagini, que já possui mais de uma década de experiência em biologia, compartilha seu olhar apurado sobre a rotina desses felinos, e destaca a importância das redes sociais na sensibilização do público sobre a fragilidade dessas espécies. “As pessoas precisam ver essa preciosidade”, afirma. “O Pantanal é único — e mostrar isso é uma forma de protegê-lo”. O conteúdo dos vídeos, que viraliza com facilidade, antes restrito a documentários, agora chega diretamente aos celulares de milhões. “Quanto mais as pessoas conhecem, mais elas admiram, mais elas respeitam, mais elas preservam”, complementa João.
Medrosa e suas aventuras
Um dos vídeos que mais viralizou é, sem dúvida, o de Medrosa, que se tornou um ícone nas redes sociais. Em uma cena impressionante, a onça salta de uma árvore e enfrenta um jacaré em um embate intenso que dura mais de 35 segundos, totalmente submersa. Esse vídeo, por exemplo, já acumulou mais de 16,3 milhões de visualizações no Facebook. A bravura de Medrosa a transformou em uma heroína na narrativa da vida selvagem, inspirando uma legião de admiradores.
Mas Medrosa não está sozinha. Seus filhotes, Marcela e Rio, também têm deixado suas marcas. Marcela, por exemplo, conquistou seu próprio espaço nas redes, tendo seu momento de destaque registrado quando, após uma caçada a um jacaré, teve que enfrentá-lo novamente após soltar a presa por distração.
Conhecendo a família
João conheceu a família de onças durante sua primeira visita ao Pantanal, em 2021. Desde então, ele se dedica a estudar e documentar a vida desses animais, vivendo intensamente no bioma e dedicando em média 12 horas por dia aprendendo e registrando a rotina deles.
- Patrícia: A matriarca, com 13 anos, é conhecida por sua postura protetora. Em 2024, defendeu seu filhote, Makala, de um macho dominante, Baguá.
- Medrosa: Mãe de Marcela e Rio, Medrosa foi a primeira onça que João viu e tem uma ligação especial com ele.
- Marcela: Filha de Medrosa e neta de Patrícia, é a onça favorita de João, que chegou a fazer uma tatuagem em sua homenagem.
- Rio: I irmão gêmeo de Marcela, vive em outro território, como é comum entre os machos.
Outro macho que se destaca é Ousado, uma onça que foi resgatada após incêndios no Pantanal em 2020. Sua técnica peculiar de caça envolve nadar e se esconder de suas presas, proporcionando cenas surpreendentes e únicas.
Desafios enfrentados na vida selvagem
João também testemunhou os desafios enfrentados pela família de onças. Em 2023, a filhote Aimée, filha de Medrosa, foi tragicamente morta por um macho rival. Embora triste, este é um aspecto da vida selvagem que João aprendeu a lidar. Contudo, a história trágica trouxe um novo começo quando Medrosa foi vista com Pantaneiro, seu novo filhote macho, que tem se adaptado bem ao ambiente.
Esses eventos ressaltam o ciclo natural da vida, mostrando tanto a beleza quanto a dureza da sobrevivência na natureza. João narra: “Foi de encher o coração de todos. Vi vários turistas com os olhos lacrimejados ao ver Pantaneiro junto a Medrosa”.
A importância do turismo de natureza
O turismo, segundo João, é essencial para a conservação. As pessoas estão cada vez mais buscando conhecer o Pantanal e seus habitantes, o que, por sua vez, contribui para a preservação. “A onça gera renda. Mais gente vendo, mais gente vindo. Isso aqui tem chance de ser para sempre”, finaliza o biólogo, deixando uma mensagem clara sobre a importância da preservação de um dos biomas mais ameaçados do Brasil.
Com o trabalho de João e a popularidade de sua família de onças, um novo capítulo se inicia na história do Pantanal, onde cada visualização e cada curtida podem fazer a diferença na conservação da vida selvagem.