Ao assistir “Jaws” hoje, talvez você não perceba a complexidade e as histórias que permeiam a realização do filme. Desde escolhas de locações até desafios técnicos, os bastidores revelam curiosidades que mudam a forma como apreciamos essa obra-prima de Steven Spielberg.
Spielberg e o desejo de filmar “Jaws” antes mesmo da publicação
Antes mesmo de o livro de Peter Benchley ser publicado, o diretor Steven Spielberg teve acesso a uma cópia antecipada e logo soube que queria adaptá-lo para o cinema. Entretanto, os direitos de filmagem pertenciam a outros produtores, e ele precisou convencer as pessoas certas a apoiarem sua visão.
Corte de subtramas e o final menos feliz
Na versão cinematográfica, várias subtramas do livro foram eliminadas. Uma delas mostrava Ellen Brody tendo um caso com Matt Hooper, que não apareceu no filme. No livro, Ellen tinha um relacionamento com o irmão mais velho de Hooper, e o reencontro deles gerava uma trama de ciúmes e conflitos que termina de forma mais triste, ao contrário do desfecho mais otimista do filme. Mais diferenças entre o livro e o filme.
Peter Benchley, parte do próprio filme
O autor de “Jaws”, Peter Benchley, aparece brevemente no filme como repórter de TV, transmitindo atualizações da praia. Benchley, que já trabalhou na imprensa televisiva, voltou às telas com um papel que parecia feito sob medida para ele. Veja o relato.
Quem foi a primeira escolha para Matt Hooper?
Richard Dreyfuss, que interpretou o mergulhador Hooper, não foi o primeiro nome na lista de Spielberg. O diretor pensou em Jon Voight, Timothy Bottoms e Jeff Bridges antes de receber sugestões de George Lucas para contratar Dreyfuss, que inicialmente não tinha interesse. Após uma segunda reunião, ele topou participar. Detalhes sobre a escolha.
Filmagens subaquáticas com tubarão real
Antes das gravações, Spielberg contratou os cineastas australianas Ron e Valerie Taylor para capturar imagens reais de um grande branco. Eles filmaram um dublê enfrentando um tubarão em uma jaula, cenas tensas que foram incorporadas ao filme. No entanto, nem tudo saiu como planejado, devido às dificuldades em filmar com um tubarão real. Mais sobre as filmagens.
Locação estratégica para o tubarão mecânico
Martha’s Vineyard foi escolhida não só pela estética charmosa, mas pela sua profundidade limitada, ideal para a instalação do tubarão mecânico. Spielberg precisava de um mar com areia no fundo a apenas 30 pés abaixo da superfície, para criar cenas de tensão de forma segura. Entenda a escolha da locação.
Os famosos tubarões mecânicos
Ao todo, foram construídos três tubarões mecânicos, apelidados de Bruce, em homenagem ao advogado de Spielberg. Foram criados pelo especialista em efeitos especiais Bob Mattey, que também trabalhou em “20.000 Léguas Submarinas”. Custaram cerca de US$ 250 mil cada, além de vários custos extras para uso na água, dificultando as filmagens. Detalhes sobre os tubarões.
John Williams e o motivo por trás da trilha icônica
A trilha sonora marcou gerações, especialmente o tema “Jaws”. Williams compôs a melodia no piano, usando notas baixas e ritmadas para criar uma sensação de medo primal. Spielberg achou a composição “muito simples” à primeira vista, e a música acabou se tornando um símbolo do suspense do filme. A história por trás da trilha.
Inspiração para o personagem Quint
As características e as falas do marítimo Quint foram parcialmente inspiradas pelo marinheiro Craig Kingsbury, que apareceu em uma audição realizada por Spielberg. Kingsbury foi quase escalado como Quint, mas o papel ficou com Robert Shaw. Sua personalidade ajudou a moldar o personagem marcante do filme.
Removido por motivos legais
Uma cena original previa Quint interrompendo uma exibição de “Moby Dick” na sala de cinema de Amity, mas Gregory Peck, que detinha os direitos do filme, não permitiu o uso. Assim, a cena foi cortada, mantendo o que foi ao ar na versão final.
Conflitos entre atores
Robert Shaw e Richard Dreyfuss tiveram uma relação difícil durante as gravações. Shaw achava Dreyfuss arrogante, enquanto o ator mais jovem ficava frustrado com os hábitos de bebida do veterano. Em uma ocasião, Dreyfuss jogou um copo de uísque de Shaw pela janela, e, em outro momento, Shaw o spray com um extintor de incêndio durante uma cena.
O famoso “Você vai precisar de um barco maior”
O diálogo mais icônico de “Jaws” foi improvisado por Roy Scheider, que interpretou Brody. A frase “You’re gonna need a bigger boat” virou símbolo do filme e nasceu de uma brincadeira dos bastidores sobre a quantidade de equipamento e pessoas que cabiam no barco.
Esses detalhes revelam que “Jaws” não é apenas um filme de suspense, mas uma combinação de escolhas criativas, desafios técnicos e histórias humanas que fizeram dele um clássico atemporal.