A recente pesquisa do Paraná Pesquisas, divulgada neste sábado (28/6), traz à tona um tema polêmico e recorrente na política brasileira: a responsabilidade pelas fraudes nos benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O estudo revelou que 30,6% dos entrevistados consideram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o principal culpado, enquanto funcionários do INSS e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também são citados.
Resultados da pesquisa
De acordo com os dados coletados, os funcionários do INSS ocupam a segunda posição nas respostas, com 25%. Por sua vez, Jair Bolsonaro foi apontado como responsável por 12% dos entrevistados. Outros atores, como sindicatos e associações, aparecem com 7,1%, seguidos pelo Congresso Nacional com apenas 0,9%. Curiosamente, 19,9% dos entrevistados optaram por não opinar ou não souberam responder.
O escândalo do INSS, que emergiu através de uma série de reportagens do portal Metrópoles, trouxe à luz um cenário alarmante sobre as fraudes e desvios que podem ter custado bilhões ao sistema previdenciário. As reportagens apontaram que a arrecadação de entidades envolvidas nesses esquemas disparou, ultrapassando R$ 2 bilhões em um único ano, enquanto diversas associações eram alvo de acusações de fraude nas filiações de segurados.
Consequências das denúncias
As revelações levaram a Polícia Federal a abrir um inquérito, que resultou na Operação Sem Desconto, deflagrada em 23 de abril. Essa operação culminou na demissão de importantes figuras, como o presidente do INSS e o ministro da Previdência, Carlos Lupi. O impacto das reportagens do Metrópoles foi incontestável, alimentando investigações e trazendo o tema das fraudes no INSS para o centro do debate público.
Percepção por grupos etários e gênero
Embora Lula tenha sido considerado o maior responsável pelas fraudes, a pesquisa revelou nuances significativas nas percepções conforme o grupo analisado. O público masculino (35,1%) tende a atribuir mais responsabilidade a Lula em comparação às mulheres (26,5%). Além disso, a faixa etária de 25 a 34 anos é a que mais vê o presidente como culpado, com 33,4%. Em contrapartida, o público idoso (acima dos 60 anos) é o que menos associa o presidente à fraude, com 27,9%.
Outro dado interessante é a variação no nível de escolaridade. Aqueles com curso superior (33,3%) enxergam uma maior responsabilidade de Lula em relação aos menos escolarizados. O contexto religioso também foi abordado no levantamento: 31,5% dos que participaram de celebrações religiosas nos últimos dez dias consideram Lula o principal responsável, frente a 29,4% entre os que não participaram.
Consciência sobre o escândalo
Sobre o conhecimento do escândalo, 90,5% dos entrevistados afirmaram estar a par das fraudes e desvios no INSS, com o conhecimento crescendo entre os mais velhos. Entre as faixas etárias, 74,2% dos jovens de 16 a 24 anos conhecem o caso, enquanto esse número chega a impressionantes 95,4% entre os acima de 60 anos. A disparidade de conhecimento também passou por regiões, com 90% de conhecimento na região Norte e Centro-Oeste, e um pico de 91,7% na região Sul.
Metodologia da pesquisa
A pesquisa foi realizada entre os dias 18 e 22 de junho, ouvindo um total de 2.020 eleitores em 162 municípios de 26 estados e do Distrito Federal. Segundo o Paraná Pesquisas, a margem de erro é de 2,2 pontos porcentuais, com um grau de confiança de 95%. Já as variações regionais apresentam um índice que oscila de 4,2 a 5,7 pontos porcentuais.
Com os dados apresentados, a pesquisa reafirma a relevância do tema no cenário atual, refletindo preocupações não apenas sobre a ética na gestão pública, mas também sobre a confiança dos cidadãos nas instituições do país. O escândalo do INSS continuará a ser um tópico chave no debate político e social brasileiro, à medida que novas informações e desdobramentos surgem.