Um drone do tamanho de um mosquito, desenvolvido por um laboratório militar na Universidade Nacional de Tecnologia de Defesa (NUDT), na China, causa impacto ao marcar um avanço na tecnologia de miniaturização. Apresentado recentemente, esse microdrone foi projetado principalmente para operações de reconhecimento e infiltração sigilosa, levantando debates sobre limites éticos e de segurança nas tensões globais atuais.
Silêncio, sigilo e alcance estratégico
Drones do tipo mosquito, com asas minúsculas e três “perninhas” finas, têm potencial estratégico considerável em coleta de dados. Seu tamanho reduzido e operação silenciosa os tornam ideais para ambientes de difícil acesso, como instalações militares, governamentais ou empresas de alta segurança. Em cenários urbanos ou de guerra híbrida, um microdrone pode infiltrar-se em edifícios, seguir um alvo ou monitorar salas de reunião sem ser detectado. Segundo especialistas, o risco de uso para espionagem em larga escala aumenta a cada avanço tecnológico.
Porém, desafios técnicos ainda existem. A miniaturização extrema exige componentes como sensores e baterias ultracompactas, o que limita o tempo de voo. Além disso, o controle remoto costuma demandar aproximação do operador, restringindo missões de longo alcance, o que ainda impede seu uso em operações mais complexas.
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A apresentação pública do microdrone chinês levanta questões sobre os rumos tecnológicos e éticos da chamada guerra invisível. Em tempos de crescente tensão geopolítica, o surgimento de equipamentos com esse nível de miniaturização reacende debates sobre os limites entre segurança e vigilância indiscriminada.
Inovação e aplicação multidisciplinar
Além do uso militar, essa tecnologia está sendo explorada em áreas como agricultura de precisão, monitoramento ambiental, medicina e inspeção de infraestruturas. Pesquisadores da Universidade de Harvard, por exemplo, trabalham no projeto RoboBee, que utiliza drones em miniatura com formato de abelha para missões de busca, resgate e polinização artificial.
Para produzir esses microrrobôs, o Instituto Wyss da Universidade de Harvard utiliza uma técnica inovadora chamada microeletromecânica Pop-Up (MEMs), que permite criar estruturas tridimensionais a partir de componentes planos, ampliando os limites do design robótico em escala miniatura.
Materiais leves e dobradiças microscópicas compõem as peças, que se erguem automaticamente ao serem liberadas da base, facilitando a produção em larga escala e com alta precisão. Pesquisadores do Instituto Wyss também criaram robôs inspirados na biologia de abelhas, capazes de voar e nadar, abrindo caminho para diversas aplicações, da agricultura à medicina.
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Corrida mundial pelos microdrones
A utilização de microdrones na segurança vem sendo intensificada globalmente. Na Noruega, forças armadas do Reino Unido, Estados Unidos e Ucrânia já empregam esses equipamentos para reconhecimento e reconhecimento de áreas estratégicas, como o uso ucraniano do modelo “Black Hornet” desde 2022 na fronteira com a Rússia.
Além do setor militar, a tecnologia tem chamado atenção em aplicações de agricultura de precisão, monitoramento ambiental, medicina e inspeção de infraestruturas, refletindo uma competição multidisciplinar que envolve controle remoto, sensores microscópicos e inteligência artificial.
Desde o desenvolvimento do RoboBee na Harvard, tecnólogos têm explorado novas técnicas de fabricação, como as MEMs, ampliando as possibilidades de projetos cada vez mais sofisticados e autônomos. Essa corrida global mostra-se um dos maiores desafios e oportunidades do século XXI.
Para mais informações, acesse: Fonte: O Globo