Brasil, 28 de junho de 2025
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Governo Lula adota pragmatismo em meio a crise com o Congresso

A administração busca diálogo com parlamentares e reforça discurso sobre justiça fiscal.

Em um dos piores momentos nas relações entre o governo e o Congresso, com a recente derrubada do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), a equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu seguir uma estratégia de pragmatismo. O plano inclui esfriar a tensão e retomar o diálogo com os parlamentares para a realização de acordos que beneficiem o Executivo. Adicionalmente, o governo pretende intensificar o discurso “ricos contra pobres” em relação às reformas tributárias, uma posição que gerou descontentamento entre os líderes do Legislativo.

A importância do diálogo com o Congresso

Um dos principais objetivos da administração é evitar rupturas com os líderes do Congresso, uma vez que a aprovação de pautas importantes pode ser a chave para as bandeiras eleitorais de 2026, como a isenção do Imposto de Renda para aqueles que ganham até R$ 5 mil por mês. Essa é uma promessa de campanha de Lula, e a percepção no Planalto é de que a falta de entrega pode resultar em um desgaste significativo até o final de seu mandato.

O governo busca não apenas manter, mas também fortalecer as relações com partidos do Centrão, cujas votações contribuíram para as recentes derrotas do Executivo. A equipe de Lula acredita que fortalecer esses laços pode prevenir que essas siglas se unam à oposição nas eleições de 2026. O foco é que legendas como PSD, União Brasil e MDB se declarem independentes, possibilitando alianças regionais com o PT.

Uma estratégia de combate à desigualdade

Do lado do governo, a insistência em manter o canal de comunicação aberto com partidos do Centrão é vista como essencial. Porém, alguns membros do governo defendem uma postura mais combativa, utilizando a discussão sobre justiça fiscal como uma maneira de pautar o debate público. Um ministro de um partido de centro acredita que o governo, se está em uma posição vulnerável, deve pelo menos tentar direcionar a conversa em torno de temas que possam lhe favorecer.

Com a aproximação das eleições, um dos recursos que o governo poderá usar é o posicionamento enfático em questões sociais. Segundo auxiliares de Lula, a comunicação sobre o combate a privilégios e a defesa dos mais pobres pode se tornar uma marca do seu terceiro mandato. No entanto, as pesquisas indicam que a população ainda tem dificuldade em identificar conquistas significativas da atual administração, ao contrário das marcantes reduções de pobreza dos dois primeiros mandatos do petista.

Propostas que podem unir o governo e o Congresso

A administração também estuda usar a proposta de aumento da isenção do Imposto de Renda, juntamente com a revisão da jornada de trabalho e o fim de supersalários no funcionalismo, como bandeiras. Durante um evento, Lula destacou que a proposta de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil e a tributação de quem recebe acima de R$ 1 milhão por ano revelam seu compromisso com a justiça fiscal, ao mesmo tempo que critica aqueles que se opõem a essa medida.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também tem alinhado suas pautas à necessidade de justiça fiscal, enfatizando que, tipicamente, os ajustes recaem sobre os mais pobres, enquanto os ricos devem ser convocados a contribuir. Para ele, a renúncia fiscal de R$ 800 bilhões representa uma oportunidade de reequilibrar as contas do país de maneira justa.

Reações e desafios no Congresso

Contudo, líderes do Congresso expressam preocupações sobre a eficácia dessa estratégia, observando que essa abordagem pode dificultar os avanços das propostas prioritárias do Executivo. O deputado Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, adiou a entrega do relatório sobre a proposta do IR, o que certamente prolongará a tramitação da reforma fiscal, criando mais desafios para o governo.

O líder do PDT, Mario Heringer, manifestou a necessidade de bom senso e distensionamento entre as partes, alertando para o risco de imobilização do país. Enquanto isso, a expectativa é que Lula, embora frustrado, aguarde o gesto do Congresso para restabelecer acordos antes de tomar ações mais drásticas, como acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter a derrubada do IOF, uma ação que pode exacerbar ainda mais as relações tensas.

O futuro do governo e as movimentações para 2026

Com um cenário eleitoral se aproximando, há uma avaliação por parte dos partidos que compõem sua base que as recentes derrotas foram orquestradas por lideranças do Centrão, visando enfraquecer Lula na corrida de 2026. O aumento das movimentações entre partidos se intensifica, com figuras políticas buscando alianças para futuras candidaturas.

Mesmo entre os aliados tradicionais do governo, como o MDB, os ventos da desconfiança sopram. Embora o apoio ao governo ainda esteja presente, o sentimento é de que é necessário um movimento claro de Lula para reter essas alianças. O medo de que esses partidos abandonem o governo aumenta, principalmente entre aqueles que estão mais distantes do núcleo petista.

Nos próximos meses, o resultado dessas estratégias pragmáticas poderá definir a escalada de dificuldades, mas, mais importante, moldar o caminho que o governo Lula tomará até 2026.

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