Brasil, 28 de junho de 2025
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A luta de uma indígena lésbica por visibilidade LGBT nas aldeias

Jéssica Yakecan Potyguara enfrenta preconceitos e ameaças em sua busca por igualdade e aceitação nas comunidades indígenas do Brasil.

Jéssica Yakecan Potyguara, de 27 anos, é uma voz que se ergue em meio ao preconceito e à adversidade. Membro da aldeia São José, localizada na cidade de Crateús, no Ceará, Yakecan se destaca na luta por direitos LGBT e pela visibilidade de sua identidade como mulher indígena e lésbica. Sua jornada não é fácil e, frequentemente, marcada por desafios sociais e familiares.

Preconceito e luta por aceitação

Ao longo de sua vida, Yakecan enfrentou diversas formas de discriminação. Ela sente o peso do preconceito por ser, simultaneamente, indígena, mulher e lésbica. Esse triplo estigma a fez acreditar que “não basta ser índia, ainda tem que ser sapatão?”, uma frase que reflete a complexidade da luta por identidade e aceitação. Yakecan lembra que, ao se assumir lésbica aos 15 anos, teve que lutar arduamente pelo reconhecimento e aceitação de sua família e comunidade.

A questão da religiosidade também pesa, uma vez que muitas das famílias de outros indígenas têm uma visão conservadora sobre sexualidade. Para muitos, ser LGBT é considerado um pecado, o que contribui para a exclusão e o preconceito dentro da própria cultura indígena. Yakecan afirmou que as violências enfrentadas, tanto dentro de sua comunidade quanto em grupos LGBT, têm raízes nessa religiosidade. “Isso que a gente aprende durante o nosso crescimento”, ela ressalta.

Do apagamento à resistência

A ativista relata ter experimentado um “apagamento” ao se assumir. Essa sensação de perda de voz a fez afastar-se do ativismo por um período. As iniciativas sociais que buscava participar não conseguiam reconhecê-la, pois a combinação de sua identidade indígena e sexual a tornava invisível. Contudo, a sua determinação não a permitiu desistir. Em 2019, ao descobrir outros indígenas LGBTQIA+ em sua aldeia, Yakecan fundou um coletivo de indígenas LGBTs.

Com esse coletivo, ela e outros membros passaram a percorrer comunidades ao redor do Brasil, com o objetivo de levar conscientização e apoio a outros que enfrentam situações semelhantes. Contudo, as visitas nem sempre foram recebidas de forma calorosa. Muitas comunidades reagiram com hostilidade, e o grupo já foi ameaçado de morte em diversas ocasiões, evidenciando a resistência que ainda existe contra a aceitação da diversidade sexual.

Conquistando espaço e reconhecimento

Atualmente, Yakecan é professora na primeira escola indígena de Crateús e experimenta uma transformação positiva dentro de sua comunidade. “Hoje eu vejo muito as lideranças e os mais velhos ficarem mais atentos. Eles dizem que têm muito orgulho por eu ser quem eu sou”, afirma. Essa mudança de atitude é um sinal encorajador, não apenas para Yakecan, mas também para outros que compartilham experiências parecidas.

A luta de Yakecan Potyguara representa uma resistência que transcende sua identidade individual, simbolizando a de muitos outros que enfrentam barreiras sociais por serem quem são. Em sua jornada, ela não apenas busca visibilidade para si mesma, mas também para todos os que se sentem invisíveis dentro de suas culturas e comunidades.

Com a determinação de continuar sua luta por aceitação e direitos, Yakecan deixa um legado inspirador de coragem e resistência para todos nós. Sua história é um lembrete poderoso de que a luta por igualdade e respeito deve continuar, não importando as dificuldades enfrentadas ao longo do caminho.

Saiba mais sobre a cidade de Yakecan e acompanhe também a luta de outros indivíduos no campo, como os ‘Agrogays’ e as histórias de quem enfrenta o preconceito em busca de aceitação.

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