A paixão do torcedor do Flamengo vai além das fronteiras do Brasil e se manifesta de forma intensa nas arquibancadas do Mundial de Clubes. Em um cenário marcado por uma “invasão” rubro-negra, Vinicius Silva, 24 anos, e seu pai, Delício, representam a história de muitos brasileiros que buscam apoio e conexão com suas raízes em solo norte-americano. Ao lado de mais de 32 mil torcedores no Camping Stadium em Orlando, e com a expectativa de um Hard Rock Stadium lotado em Miami, a cultura do Flamengo se fortalece no exterior.
A jornada de Delício e Vinicius
Delício Silva saiu de Belo Horizonte nos anos 90 sonhando em conquistar uma nova vida nos Estados Unidos. Apesar de ter começado sua trajetória migratória de forma ilegal, ele se estabeleceu trabalhando em restaurantes e cuidando de seu filho Vinicius. A relação entre pai e filho é profundamente entrelaçada pela paixão pelo Flamengo, que Delício cultivou e passou adiante. “Estou realizando um sonho que não é só meu, é do meu pai”, diz Vinicius, refletindo sobre a importância da presença do pai nesse momento histórico.
A presença dos brasileiros em solo americano
O Flamengo foi acompanhando pela distância por Delício durante toda a sua vida nos EUA. Ele retornou ao Brasil em 2023 e, desde então, não conseguiu mais voltar para acompanhar os jogos de seu time. Já seu filho, que nasceu na Flórida, teve sua primeira chance de ir ao Maracanã apenas em 2022. Com a realização do Mundial de Clubes nos Estados Unidos, Vinicius teve a oportunidade de homenagear seu pai em cada jogo que assistiu. “Foi uma mobilização completa de todos os brasileiros. Meu pai viveu aqui 30 anos e não conseguiu ver o Flamengo de perto”, lamenta Vinicius.
O crescimento da comunidade rubro-negra nos EUA
Orlando e Miami se tornaram verdadeiros redutos para torcedores do Flamengo, com um fluxo crescente de brasileiros em busca de novas oportunidades. Vinicius, hoje corretor de imóveis, explica que o setor imobiliário tem atraído brasileiros. O movimento não apenas impulsiona o turismo, mas também a residência e investimentos, criando uma comunidade vibrante com restaurantes e escolas que falam a língua portuguesa. “O Flamengo montou sua ‘casa’ para a torcida em Orlando, onde se fala muito português em certas áreas comerciais”, relata.
A presença do Flamengo nos Estados Unidos é fortalecida através de embaixadas e consulados, que se multiplicaram em cidades como Filadélfia e Boston. A mobilização da torcida brasileira em busca de praticar sua paixão pelo Flamengo é inegável e se intensificou com conquistas do time no Brasil e no exterior.
Apoio do clube e festividades
O Flamengo não tem apenas um papel passivo; a diretoria ativa trata a torcida no exterior com cuidado especial. Marcelo Conti, diretor de relacionamento com a torcida do Flamengo, menciona: “É uma turma muito apaixonada que tem o Flamengo como um forte elo de ligação com a sua terra natal”. O clube tem apoiado diversas festas nas arquibancadas, levando ídolos como Zico para interagir com os torcedores e oferecendo materiais para animar os jogos, como faixas e bandeirinhas. Além disso, promove comunicação com a FIFA para liberar festividades, como ocorreu em Orlando, onde a torcida teve direito até a bateria nas arquibancadas.
Um espetáculo sem fronteiras
A Copa do Mundo de Clubes nos Estados Unidos se tornou uma verdadeira vitrine para a massa rubro-negra, que promete transformar as arquibancadas em um espetáculo vibrante e cheio de emoção. Os torcedores se mobilizam com a compra de balões vermelhos e pretos, prontos para fazer da partida contra o Bayern de Munique um evento memorável. “Estamos prontos para mostrar que os EUA é nossa segunda casa”, afirmam os torcedores, animados pela possibilidade de acompanhar de perto o seu time do coração.
Com uma combinação de amor à camisa, nostalgia e esperança, o torcedor do Flamengo faz da Flórida não apenas um lar temporário, mas um lugar onde suas tradições e emoções se fortalecem. Assim, a paixão pelo Flamengo se espalha além do mar, unindo gerações em torno de um só amor.