A Sabesp, companhia responsável pelo abastecimento de água e esgoto em São Paulo, está despejando esgoto sem tratamento diretamente no Rio Tietê, na Zona Norte da cidade. Essa ação emergencial foi necessária para lidar com o colapso de uma tubulação de grande porte na Marginal Tietê, que já teve seu problema identificado há mais de um mês. As imagens flagradas pela TV Globo mostram um líquido escuro e com forte odor sendo bombeado para o rio.
Contexto do problema de esgoto na Marginal Tietê
O colapso da tubulação aconteceu após o rompimento de uma estrutura de mais de três metros de diâmetro, que serve como interceptor para esgotos de diversos bairros da Zona Norte, como Vila Maria e Santana. Segundo o engenheiro Amauri Pollachi, o volume despejado no rio é alarmante: cerca de 216 milhões de litros por dia — o equivalente a 86 piscinas olímpicas.
O rompimento ocorreu no dia 10 de abril e teve duas consequências diretas: o afundamento da pista e a interrupção do fluxo de esgoto que deveria ser direcionado à estação de tratamento em Barueri. Para contornar a situação, a solução encontrada pela Sabesp foi o bombeamento do esgoto para o Córrego Mandaqui, que deságua logo em seguida no Rio Tietê.
Consequências ambientais e alternativas propostas
A decisão de despejar esgoto sem tratamento, embora justificada como uma medida para evitar um transbordamento na área, levanta sérias preocupações sobre o impacto ambiental. O engenheiro Pollachi enfatiza que o esgoto puro é um crime ambiental e que a Sabesp poderia ter adotado alternativas menos prejudiciais. Uma dessas alternativas seria a construção de uma nova tubulação em paralelo à que está colapsando, ao invés de despejar o esgoto diretamente no rio.
Resposta da Sabesp e fiscalização da Cetesb
A Sabesp, em sua defesa, comunicou que direcionou o esgoto para outras estruturas como uma solução técnica para permitir o diagnóstico e reparo da rede subterrânea na Marginal Tietê. Em nota, a companhia afirmou: “Essa é a única alternativa técnica viável para a execução das obras no local.”
Por outro lado, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) ficou sabendo sobre o despejo apenas recentemente e, durante uma vistoria, constatou a poluição no rio. A Cetesb, então, notificou a Sabesp sobre a irregularidade e deverá acompanhar a situação.
Histórico do colapso e intervenções na Marginal Tietê
A cratera na Marginal Tietê, que se tornou um problema recorrente, completou um mês de abertura no último dia 11. Inicialmente, a Sabesp lidou com a situação em abril, quando uma infiltração na caixa de acesso foi identificada. Após a interdição do trecho por cinco dias, a empresa conseguiu realizar um reparo. Contudo, em 11 de maio, uma nova cratera se formou no mesmo local, resultando em mais uma série de intervenções.
Além da escavação da cratera, a Sabesp também percebeu instabilidade no solo, criando riscos de novos afundamentos. Para garantir a segurança dos trabalhadores e de quem passa pelo local, a empresa utilizou cerca de 20 caminhões de concreto para estabilizar a área, um volume que deverá aumentar nos próximos dias.
Próximos passos e falta de prazos
Atualmente, não há um prazo definido para a finalização do reparo na tubulação. Os funcionários precisarão descer até 18 metros de profundidade para realizar a troca da caixa de acesso de esgoto. A situação continua a ser monitorada pelas autoridades e pela população, que espera soluções rápidas e eficientes para as questões de saneamento na capital paulista.
As repercussões deste caso são preocupantes e revelam a fragilidade do sistema de esgoto da cidade, que enfrenta desafios significativos com a infraestrutura antiga e deteriorada. A vigilância contínua sobre as ações da Sabesp e a fiscalização da Cetesb serão cruciais para garantir a proteção do meio ambiente e a saúde pública na região.