Não dá para acreditar que já estamos na metade do ano! A sensação é de que foi há poucos dias que guardamos os enfeites da decoração de Natal e fizemos a lista de promessas para o Ano Novo. E agora, de repente, nos damos conta – perplexos – de que metade do calendário ficou para trás. Esse sentimento, aliás, é mais comum do que se imagina. Ele nos leva a refletir sobre como estamos gerenciando nosso tempo e as atividades cotidianas.
A percepção do tempo e suas implicações
Mais do que um clichê, a constatação de que o tempo “voa” vem com uma incômoda sensação de que não fizemos nada. E isso não é ilusório, pois, do ponto de vista psicológico, essa sensação está relacionada à forma como passamos nossos dias e ao significado que damos às experiências. Há um descompasso entre o que vivemos no cotidiano e o que, de fato, nos traz sentido.
No dia a dia, acumulamos muitas tarefas em nossa rotina, com demandas profissionais e pessoais. A pressão constante para cumprir tudo em um curto espaço de tempo geralmente nos impede de focar na experiência em si. Assim, entramos no que podemos chamar de “modo automático”, em que deixamos de perceber o tempo de maneira consciente. Isso se reflete na falta de significado que atribuímos aos nossos dias, distanciando-nos de nossos planos e prioridades.
A cultura da produtividade
Esse comportamento é um reflexo de uma cultura que valoriza a produtividade e os resultados imediatos. A cobranças constante por resultados em prazos apertados nos faz correr de uma tarefa a outra, como se estivéssemos sempre em uma corrida sem fim. É preciso alcançar a linha de chegada para, em seguida, reiniciar com novas demandas e novas metas, criando um ciclo vicioso. Nesse cenário, é comum que os pequenos momentos, que na verdade são os que trazem mais sentido à vida, sejam deixados de lado.
Tornando os próximos meses mais significativos
Entretanto, se o tempo tem passado tão depressa, é possível transformar essa experiência nos próximos meses – e anos. Isso não quer dizer que devemos negligenciar nossas responsabilidades. Trata-se de alterar a forma como nos relacionamos com essas obrigações, refletindo sobre o que realmente importa e o que nos traz felicidade.
A satisfação não deve estar ligada unicamente a algo que está por vir. Caso contrário, cairemos na armadilha de acreditar que seremos felizes apenas ao final do trajeto, perdendo a oportunidade de valorizar o processo. E isso inclui os pequenos momentos da vida que são vitais para nosso bem-estar e felicidade.
A importância da autorreflexão
Sabemos que o tempo não para. Todavia, a boa notícia é que podemos mudar a forma como nos relacionamos com ele. Esse é um convite à autorreflexão, que nos permite reavaliar nossos desejos e objetivos, ajustando ou até mesmo modificando-os. Daí, por sua vez, poderá surgir uma perspectiva mais rica e significativa sobre a vida, onde conseguimos perceber o que realmente nos realiza.
Conclusão: vivendo com sentido
Quando mais uma metade do ano passar e olharmos para trás, que possamos fazer isso com a certeza de que o tempo foi vivido com sentido, em sintonia com nossos próprios desejos e anseios. Assim, em vez de simplesmente registrar a passagem do tempo, estaremos, de fato, aproveitando cada momento que a vida nos oferece.
Créditos: Joselene Alvim – psicóloga