Uma mulher grávida na Alabama afirmou ter ficado totalmente surpresa com a detenção do marido por agentes do ICE neste fim de semana, em uma operação que resultou na prisão de 11 iranianos. Morgan Gardner, que está com sete meses de gestação, disse à Newsweek que e apoiava as políticas de imigração do ex-presidente Donald Trump até o momento da prisão, em meio a uma intervenção federal que, segundo ela, foi inesperada e arbitrária.
Detenção de Ribvar Karimi e alegações do governo
O marido de Gardner, Ribvar Karimi, foi detido no domingo pela Agência de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE), sob a alegação de representar uma ameaça à segurança nacional. O Departamento de Segurança Interna (DHS) afirmou que as prisões fazem parte do compromisso de remover suspeitos de terrorismo das comunidades americanas. Segundo o órgão, Karimi serviu como atirador de elite no exército iraniano entre 2018 e 2021, possuindo uma carteira de identificação da República Islâmica do Irã.
Segundo o DHS, todos os homens entre 18 e 49 anos no Irã enfrentam serviço militar obrigatório, o que pode incluir punições severas para desertores ou evasores nos critérios do regime. A autoridade enfatizou que a ação de detenção visa fortalecer a segurança do país, reforçando que estavam “removendo o que consideram os piores”.
Controvérsia e apoio familiar
Gardner explicou à CBS afiliada WIAT que seu marido nunca lutou contra forças americanas ou aliados e que, na verdade, combateu o Estado Islâmico (ISIS) durante seu serviço. Ela e Karimi se conheceram online ao jogar Call of Duty: Mobile e construíram uma relação baseada em apoio mútuo e amor, de acordo com seu site de casamento.
A família de Gardner, incluindo sua prima Cyndi Edwards, criou uma campanha no GoFundMe para ajudar a cobrir os custos jurídicos decorrentes do processo de imigração. Edwards destacou que Karimi integrava a comunidade local na Alabama, apoiando moradores e cuidando do pai de Morgan durante uma crise de saúde, além de promover um relacionamento significativo na vida de Gardner.
Natureza do visto e tensões políticas
Karimi entrou legalmente nos EUA em outubro de 2024 usando um visto de noivado K-1, destinado a cidadãos estrangeiros que se comprometem com americanos. No entanto, ele não ajustou seu status de imigração, uma exigência legal que poderia ter evitado sua deportação, segundo advogados consultados por Gardner.
Gardner acredita que o governo teria sido mais tolerante sob administrações anteriores e que seu marido foi especificamente visado devido à sua origem e opiniões políticas. “Ele apoiava Trump, suas políticas de imigração, e acreditava que estavam protegendo o povo americano”, afirmou ela. Ela também revelou que interromperam a solicitação de seu green card após descobrir sua gravidez e enfrentar complicações de saúde.
Preocupações e futuro incerto
A gestante expressou sua angústia por estar longe do marido no momento de dar à luz, planejado para o próximo final de semana, e teme o que acontecerá se Karimi for deportado para o Irã, onde sua família teme represálias do regime opositor ao seu apoio ao governo americano.
“Me sinto destruída”, declarou Gardner. “Nosso chá de bebê será na semana que vem, e ele não estará lá comigo. É difícil imaginar passar por isso sem ele ao meu lado.”
Perspectivas e críticas
Especialistas e familiares questionam a precisão das ações do governo, alegando que Karimi atuou para proteger o povo iraniano e que sua detenção parece motivada por uma mistura de políticas de segurança e questões pessoais. A família de Gardner também critica a abordagem da administração atual, destacando que ela e seu marido sempre acreditaram que a justiça prevaleceria.
Este caso levanta debates sobre imigração, direitos civis, e a polarização política que afeta famílias e comunidades inteiras nos Estados Unidos, sobretudo em momentos delicados como este, na véspera do nascimento de um filho em circunstâncias ainda incertas.
