O governo iraniano realizou a execução de três homens na cidade de Urmia, acusados de espionagem em favor de Israel, além de prender centenas de civis em uma crescente onda de repressão que, segundo organizações de direitos humanos, evidencia o clima de paranoia no país após confrontos com Israel.
Execuções e contexto de tensão com Israel
Os homens — Edris Ali, Azad Shojaei e Rasoul Ahmad Rasoul — foram enforcados na região noroeste do país, sendo todos etnicamente curdos. Eles eram acusados de colaborar com o Mossad na suposta participação no assassinato do cientista nuclear Mohsen Fakhrizadeh em 2020. A lista com seus nomes foi divulgada pela organização Iran Human Rights (IHR), alertando que pelo menos outros sete homens também enfrentam execuções iminentes por mesmas acusações.
Segundo uma fonte familiarizada com o governo iraniano, as ações recentes têm como objetivo transmitir uma imagem de força ao interior do país, mais do que provocar uma reação anti-Israel, como uma forma de demonstrar resiliência diante de receios crescentes de infiltrações inimigas.
Risco à vida de Ahmadreza Djalali aumenta
Além das execuções, há uma preocupação internacional com o destino do acadêmico e médico sueco-iraniano Ahmadreza Djalali, que há mais de sete anos está na fila da condenação à morte. A organização IHR relatou que Djalali foi transferido de uma penitenciária de Teerã para um local não divulgado, logo após um ataque israelense ao presídio de Evin. O grupo alertou que a sua execução pode ocorrer a qualquer momento.
Prisões e aumento da hostilidade pública
Desde o início do conflito aberto com Israel, em 13 de junho, as autoridades iranianas prenderam mais de 700 pessoas sob suspeita de colaboração com Israel. Este semana, o número de execuções relacionadas ao caso chega a seis desde o começo do enfrentamento.
Reação da população diante do conflito
Apesar do discurso oficial de combate às ações de espionagem, a opinião pública no Irã revela uma mudança de clima. Um analista que prefere não ser identificado afirmou a TIME que, pela primeira vez em décadas, há um aumento no sentimento de ódio contra Israel entre os cidadãos comuns do país. “O ataque israelense que matou civis iranianos gerou uma forte indignação, levando muitas pessoas a questionar a capacidade do governo de protegê-los”, declarou a fonte.
Segundo ele, a resistência crescente à presença israelense é alimentada pelos próprios relatos de civis mortos e feridos em bombardeios, o que intensifica a sensação de ressentimento contra as ações de Israel, além de ampliar a desconfiança na condução das forças governamentais perante a agressão.
Perspectivas futuras
Com o aumento das prisões e execuções, especialistas alertam para um cenário de intensificação da repressão no Irã, que busca controlar a narrativa interna diante de um conflito que já dura semanas. Enquanto isso, a tensão com Israel permanece elevada, alimentando uma atmosfera de insegurança que pode se estender no futuro próximo.