Brasil, 27 de junho de 2025
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Dúvidas no Senado sobre os ataques dos EUA às instalações nucleares do Irã

Senadores democratas questionam a narrativa da administração Trump sobre o impacto dos ataques a três instalações nucleares iranianas.

Washington — Após uma reunião em que altos oficiais militar e de segurança nacional informaram os senadores, alguns democratas expressaram ceticismo em relação à caracterização da administração Trump sobre os ataques a instalações nucleares do Irã.

Nos últimos dias, o presidente Trump declarou repetidamente a “obliteracão total” do programa nuclear iraniano, após um ataque aéreo secreto que visou três locais nucleares. No entanto, uma avaliação inicial classificada indicou que os ataques atrasaram o programa nuclear de Teerã em apenas alguns meses, enquanto Trump afirmou que o programa foi atrasado “basicamente por décadas”.

Questionamentos sobre a eficácia dos ataques

Diante dessas declarações, senadores do partido democrático levantaram dúvidas sobre a eficácia do ataque e a capacidade remanescente do Irã em reverter os danos. “Saio dessa reunião ainda acreditando que não obliteramos o programa”, afirmou o senador Chris Murphy, de Connecticut. “O presidente estava enganando o público ao afirmar que o programa foi obliterado. É certo que ainda existem capacidades significativas, equipamentos que permanecem. Não se pode bombardear o conhecimento até a sua inexistência”, acrescentou Murphy.

Um chamado à transparência

O senador Mark Warner, da Virgínia e principal democrata do Comitê de Inteligência do Senado, sugeriu que a administração possa ter chegado a conclusões precipitadas. “Espero que esta seja a avaliação final, mas e se não for? Isso fornece uma falsa sensação de conforto ao povo americano?”, perguntou Warner.

O líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, de Nova York, também expressou sua insatisfação, afirmando que não recebeu respostas satisfatórias sobre se o estoque nuclear iraniano foi realmente obliterado. “O que ficou claro é que não havia uma estratégia coerente, nem um plano para garantir que o Irã não adquirisse uma arma nuclear”, afirmou Schumer.

O senador democrata Richard Blumenthal, também de Connecticut, corroborou as preocupações, ressaltando que apenas uma avaliação final dos danos da batalha confirmaria as afirmações do governo. “Nós não sabemos. Qualquer um que diz que sabe com certeza está inventando, porque não temos uma avaliação final de danos”, destacou Blumenthal.

A reação republicana e a narrativa da administração

Enquanto alguns democratas levantavam questionamentos, o senador Lindsey Graham, da Carolina do Sul, apoiou a narrativa da administração, mas reconheceu que as capacidades do Irã poderiam eventualmente ser restauradas. “A verdadeira questão é se obliteramos o desejo deles de ter uma arma nuclear”, avaliou Graham após a reunião classificada. “Não quero que as pessoas pensem que o site não foi severamente danificado ou obliterado. Foi. Mas, tendo dito isso, não quero que as pessoas pensem que o problema acabou, porque não acabou”, concluiu.

Graham acredita que o programa nuclear foi atrasado por anos, enquanto o senador republicano Kevin Cramer, da Dakota do Norte, disse estar confiante de que “foi atrasado significativamente — no mínimo, um ano”. O senador Tom Cotton, da Arkansas e presidente do Comitê de Inteligência do Senado, afirmou que os ataques “destruíram efetivamente o programa nuclear do Irã”.

Inteligência e dano severo ao programa

Oficiais de inteligência de alto escalão mencionaram que a avaliação inicial tinha lacunas e “assumiu o pior cenário sob condições perfeitas no Irã”. Novas informações indicaram que o programa nuclear foi “severamente danificado” e que as instalações foram “destruídas”. Segundo eles, levaria anos para que os iranianos reconstruíssem as instalações, conforme indicado pelo diretor da CIA, John Ratcliffe, e pela diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard.

A reunião para informar os senadores foi inicialmente agendada para uma terça-feira, mas foi adiada por dois dias, o que gerou frustração entre alguns democratas que exigiam maior transparência sobre os ataques, já que inicialmente ficaram sem informações sobre a ação militar.

Este cenário de incerteza, entre afirmações de sucesso militar e questionamentos sobre as reais consequências da ação, refletiu uma necessidade urgente de clareza na política externa dos EUA, especialmente em um tema tão delicado quanto o programa nuclear do Irã.

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