O deputado federal Felix Mendonça Junior, presidente do PDT na Bahia, se tornou o centro de uma nova investigação após o envio de R$ 4,6 milhões em emendas parlamentares para os municípios de Ibipitanga e Boquira. Os repasses, realizados entre 2022 e 2024, estão sendo analisados no âmbito da Operação Overclean, que investiga o suposto desvio de dinheiro público.
Quebra de sigilo e buscas
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Kassio Nunes Marques, autorizou a quebra do sigilo telefônico do deputado e também um mandado de busca e apreensão contra seu assessor parlamentar, Marcelo Chaves Gomes. Este assessor trabalha no gabinete de Mendonça desde que ele assumiu o mandato. Além disso, os prefeitos de Ibipitanga e Boquira foram afastados na última sexta-feira em meio à investigação que envolve a Polícia Federal (PF).
Defesa do deputado
Em entrevista ao GLOBO, Felix Mendonça Junior negou qualquer irregularidade envolvendo suas emendas. Ele explicou que sua intenção ao destinar as emendas era garantir a aplicação dos recursos em áreas como Infraestrutura, Saúde e Educação, embora tenha admitido não ter controle sobre a destinação final dos valores.
“Coloquei emenda na intenção de ser votado, nunca teve indicação de empresa. Nada de irregular. Se você me perguntar agora se foi para a Infraestrutura, Saúde, Educação, eu não sei. Não tem nenhuma vinculação que não seja o retorno político,” afirmou o parlamentar, reforçando que as emendas para custeio ou investimentos são solicitadas por prefeitos ou lideranças locais.
Emendas Pix e sua aplicação
As emendas enviadas por Mendonça foram realizadas na modalidade de “transferência especial”, conhecidas como “emendas Pix”. Diferente das emendas tradicionais, essas permitem que cada parlamentar indique valores diretamente para as contas de prefeituras e estados, possibilitando que os recursos sejam utilizados conforme a conveniência dos gestores municipais.
De acordo com o Portal da Transparência, os repasses tinham como objetivo custear a pavimentação de ruas nos municípios beneficiados. No entanto, a natureza das emendas e a forma como foram encaminhadas despertaram a atenção das autoridades, que buscam verificar se houve desvio e em que magnitude.
Conexão com empresários investigados
Durante a apuração, o parlamentar também confirmou conhecer os empresários Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, e Alex Parente, este último detido no passado com uma mala contendo R$ 1,5 milhão em espécie em um voo de Salvador a Brasília. Apesar de ter pego carona em um avião de Parente para a capital federal, o deputado alegou que não havia nenhum tipo de ligação formal nas emendas direcionadas a essas pessoas.
“Peguei uma vez (carona) de ida a Brasília, ele me convidou e falou. Mas nunca coloquei emenda para ele nem a pedido dele. Nunca,” declarou Mendonça, reiterando sua posição de que não houve favorecimento aos empresários.
A situação do deputado e a continuidade das investigações geram discussões sobre a transparência e a ética na destinação de emendas parlamentares, um tema de relevância dada a atual conjuntura política e social do Brasil. Com as investigações em andamento, a população aguarda esclarecimentos que revelem a verdade por trás das acusações e os possíveis desdobramentos legais para todos os envolvidos.
Com a severidade das alegações, o futuro político de Felix Mendonça Junior pode estar em risco. A sociedade, cada vez mais atenta, espera que a Justiça atue com rigor, assegurando que os recursos públicos sejam utilizados de maneira adequada e que a corrupção não prevaleça nas esferas do poder.
