A Basilica of the National Shrine of the Immaculate Conception, em Washington, D.C., começou a realizar visitas guiadas especializadas para deficientes auditivos e visuais, oferecendo experiências imersivas para ampliar o acesso ao local sagrado. As visitas, que tiveram início em abril, contam com guias interpretados em Língua de Sinais Americana (ASL) e estações táteis para os cegos, possibilitando o contato com estátuas, mosaicos e arte sacra por meio do toque e da visão.
Iniciativa pioneira nos Estados Unidos com inspiração no Vaticano
Segundo o monsenhor Vito Buonanno, diretor de peregrinações do santuário, trata-se do primeiro programa desse tipo no país. A ideia surgiu em 2021, quando Marilyn Lasecki, voluntária e intérprete de ASL, decidiu criar uma experiência acessível em homenagem ao seu falecido pai, Leonard, que trabalhava com pessoas surdas. Inspirada pelo reconhecimento de que os museus do Vaticano oferecem tratamentos especiais para visitantes surdos e cegos, Lasecki e a equipe do santuário começaram a planejar sua própria adaptação.
Em março, a diretora do Departamento de Atendimento ao Visitante, Dee Steel, viajou a Roma para estudar os sistemas táteis utilizados pelos museus vaticanos, com o objetivo de replicar as experiências na basílica.
Adaptações para comunicação e interação sensorial
Para os visitantes surdos, os guias acompanhados por voluntários interpretam em ASL, ajustando roteiros para respeitar as diferenças gramaticais da língua de sinais. Betker comenta que a tradução não é palavra por palavra, pois são idiomas distintos; requer alterações na ordem das frases e na forma de comunicação.
Durante uma das primeiras visitas, o padre Michael Depcik, sacerdote surdo da Arquidiocese de Baltimore, ressalta a importância da comunicação direta em ASL para uma experiência litúrgica plena. “Eles conseguem se conectar diretamente, sem precisar de intérprete, o que faz toda a diferença”, explicou. Para ele, a dimensão sensorial também é essencial, e a experiência olfativa do incenso, por exemplo, é descrita como “música para os olhos”.
A iniciativa também inclui experiências táteis para cegos, com a colaboração do padre cego Mike Joly, que ajudou a reinterpretar obras de arte sacra e a criar estações de contato. Entre elas, uma maquete da basílica feita com mais de 10 mil peças de Lego, permitindo a visualização da estrutura pelos visitantes.
Impacto e expansão da acessibilidade na basílica
Ao explorar o interior, Joly pôde tocar em elementos como o sarcófago de mármore do bispo Thomas Shahan e as faces dos Evangelistas na capela Nossa Senhora da África, aprimorando a compreensão do espaço sagrado por meio do tato. Ele também reforçou que, muitas vezes, o toque revela aspectos que a visão não captaria, como o gesto de abenço que Jesus transmite em uma das obras.
DeBuonanno explica que a basílica busca ampliar essa iniciativa para conscientizar a comunidade e incentivar a participação: “Queremos que mais pessoas saibam que esse programa existe e possam aproveitar essas experiências de fé de forma mais inclusiva.”
Para assegurar a continuidade e o crescimento do projeto, a equipe planeja divulgar amplamente as visitas especiais e envolver mais colaboradores na adaptação das experiências sensoriais.
Esta iniciativa representa um avanço significativo na acessibilidade de espaços religiosos nos Estados Unidos, demonstrando que o respeito à diversidade e à inclusão podem transformar a espiritualidade em uma experiência universal.
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