O recente rebaixamento do Olympique Lyonnais na França, motivado por problemas financeiros, provocou uma onda de revolta entre os torcedores e acendeu um alerta no Botafogo. Ontem, torcedores do clube francês pediram a saída de John Textor em protestos, evidenciando a insatisfação com a gestão. Especialistas afirmam que a crise do Lyon pode ter reflexos diretos no clube carioca, que se encontra sob a mesma holding.
O impacto do rebaixamento do Lyon
Dois dias atrás, a Direção Nacional de Controle e Gestão (DNCG), responsável pela supervisão financeira dos clubes na França, anunciou o rebaixamento do Lyon devido à falta de garantias financeiras que ultrapassam 175 milhões de euros para a próxima temporada. O clube planeja recorrer da decisão, mas para isso, John Textor terá que apresentar um novo plano de recuperação. As promessas de resolver a situação através da venda de jogadores do Botafogo e da venda de ações do Crystal Palace não foram suficientes para convencer a DNCG.
A crise e suas consequências para o Botafogo
Com a necessidade urgente de uma solução para a crise do Lyon, o cenário é alarmante para a Eagle Football, a holding de Textor. O objetivo inicial de recapitalizar a empresa levantando US$ 1,1 bilhão por meio de uma Oferta Pública Inicial (IPO) está ameaçado. O economista Cesar Grafietti, especialista em finanças do esporte, destaca que a situação é crítica. “Se o principal ativo da holding, o Lyon, é rebaixado devido a uma má gestão financeira, isso acarretará uma queda de valor e uma imagem negativa que dificultará a captação de novos recursos”, afirma.
A Eagle Football já contraiu empréstimos consideráveis, cerca de 425 milhões de euros, para a aquisição do Lyon, com juros que variam de 11% a 16%, a serem pagos até dezembro de 2028. A falta do IPO compromete o pagamento dessas dívidas, colocando toda a estrutura financeira da empresa em risco.
Pressões internas e externas em Textor
Os efeitos da crise no Lyon já podem ser sentidos no Botafogo. Grafietti menciona a falta de transparência nas vendas de jogadores como Luiz Henrique e Almada, além da ausência do balanço financeiro, que deveria ter sido publicado em abril. A arrecadação de novos fundos para o clube carioca parece mais distante agora, e corre-se o risco de que novas vendas sejam aceleradas em busca de recursos financeiros imediatos.
O modelo de gestão de John Textor, que considera sua rede de clubes como um “caixa único”, não foi aceito pela DNCG, conforme explica Gianluca Pesapane, especialista em marketing esportivo. Ele compara a situação do Lyon com o Strasbourg, que, apesar de pertencer ao mesmo grupo do Chelsea, mantém um orçamento independente, o que ajuda a evitar problemas fiscais.
Pesapane também ressalta que o futebol francês possui um sistema de supervisão financeira diferente de outros países europeus, o que pode ser uma vantagem para a liga, mas uma desvantagem para Textor neste momento. Está sob discussão a possibilidade de uma reversão dessa punição, dada a importância do Lyon para o campeonato e seu robusto patrimônio, incluindo o estádio que poderia ser hipotecado para levantar fundos.
Protestos e a pressão sobre John Textor
Após a decisão da DNCG, torcedores do Lyon foram às ruas de Lyon para protestar contra a gestão de John Textor. A torcida organizada, Bad Gones, participou ativamente dos protestos, caracterizados por várias faixas pedindo a saída do empresário americano. Este clima de insatisfação pública, combinado com a pressão interna de credores e stakeholders da holding, levanta a possibilidade de Textor se afastar temporariamente da gestão do clube como uma estratégia para lidar com a crise. Um nome que surge como possível substituta é Michele Kang, proprietária do time feminino, que foi vendido no ano passado.
A situação, que já está sendo monitorada de perto tanto internamente quanto externamente, evidencia a fragilidade do projeto de John Textor no esporte. Com um rebaixamento doloroso que afeta não apenas o Lyon, mas também suas outras propriedades, as repercussões financeiras e emocionais dessa crise estão apenas começando a ser sentidas.
Em um momento crítico tanto para o Lyon quanto para o Botafogo, o futuro de Textor e de sua holding permanece incerto. O desejo dos torcedores por mudanças e soluções efetivas se faz tão urgente quanto os desafios financeiros que se avolumam.