Um polêmico embate entre o primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pashinyan, e representantes da Igreja Apostólica Armênia está chamando a atenção nas redes sociais. Em meio a acusações de desvio de comportamentos, Pashinyan foi desafiado a provar sua fé de maneira inusitada, gerando ondas de debate entre a população e seus adversários políticos.
Desafio inusitado de um sacerdote
No início desta semana, o padre Zareh Ashuryan, da Igreja Armênia, insinuou que Pashinyan não seria um verdadeiro cristão, sugerindo que ele teria sido circuncidado, uma prática que, segundo o sacerdote, é uma traição à tradição cristã. O padre afirmou: “Acredito que nossa Santa Igreja Apostólica deve se purificar imediatamente dos falsos ‘crentes’ que traem a nação e desonram a memória de seus ancestrais”.
Em resposta, o primeiro-ministro publicou, em suas redes sociais, uma mensagem contundente. Ele se ofereceu para “provar o oposto” ao líder da Igreja, Karekin II, que respondeu ao desafio em sua própria plataforma. Pashinyan, ao se dirigir ao líder religioso pelo nome de nascimento, Ktrij Nersisyan, questionou se ele mesmo tinha quebrado seu voto de celibato, levantando ainda mais polêmica.
Tensões entre governo e Igreja
Esse desentendimento exacerbado ilustra as crescentes tensões entre o governo de Pashinyan e o clero armênio. Recentemente, o primeiro-ministro chamou as igrejas de “depósitos” e acusou os padres de não respeitarem suas obrigações. As declarações de Pashinyan foram seguidas de uma resposta da Igreja, que considerou suas palavras “indignas de um estadista” e afirmaram que suas motivações políticas visavam erodir a influência da Igreja e de seu clero.
Reações da mídia e da população
A repercussão deste embate tem sido massiva. Diversos analistas políticos levantaram questões sobre a verdadeira motivação por trás das declarações de Pashinyan. A situação é especialmente sensível em um país onde a Igreja tem uma forte influência na sociedade e na cultura. A mensagem do primeiro-ministro sobre um plano de “desestabilização” dirigido por um “clero oligárquico criminoso” foi recebida com ceticismo por muitos, que alegam que a verdadeira questão é o controle da Igreja sobre a vida pública.
Embora o primeiro-ministro tenha sido um forte defensor da democracia e da autonomia política desde que assumiu o cargo em 2018, suas ações recentes podem estar minando sua própria base de apoio, especialmente entre os cidadãos que veem a Igreja como a guardiã da cultura e fé armênia.
A trajetória de Pashinyan e Karekin II
Nikol Pashinyan, líder do partido Contrato Civil, tem enfrentado desafios desde que sua administração ganhou mais de 50% dos votos nas eleições de 2021. Sua popularidade vinha crescendo, mas esta nova controvérsia pode levar a uma mudança de percepções por parte da população. Por outro lado, Karekin II, que lidera a Igreja desde 1999, tem sido uma figura proeminente na política armênia, e sua resposta ao primeiro-ministro pode influenciar ainda mais o clima político no país.
Mediante a gravidade das alegações e a forma como cada lado lida com o conflito, a situação na Armênia continua a ser observada de perto. Especialistas sugerem que ambos os lados podem ter que reconsiderar suas abordagens para evitar escaladas ainda maiores e preservar a integridade da sociedade armênia.
Nos próximos dias, será crucial acompanhar as reações do público e a evolução desse embate, que já se transformou em um verdadeiro espetáculo de retórica política.