No último fim de semana, a Pixar e Disney enfrentaram uma dura realidade com “Elio”, que arrecadou apenas US$ 21 milhões em sua estreia, estabelecendo um recorde negativo para o estúdio. Este resultado não é um caso isolado, mas parte de uma tendência crescente que afeta não apenas a Pixar, mas toda a indústria de animação.
Uma estreia decepcionante para a Pixar
“Elio”, que conta a história de um jovem garoto confundido como o embaixador da Terra no universo, falhou em atrair o público, refletindo o desempenho fraco de outros filmes originais da Pixar nos últimos anos. Anteriormente, “Elemental”, lançado em 2023, tinha estabelecido um padrão de baixa abertura com US$ 29,6 milhões. Em contraste, filmes baseados em franquias, como “Inside Out 2”, conseguiram arrecadar US$ 154,2 milhões logo em sua estreia, evidenciando a preferência dos espectadores por histórias que já conhecem.
Além da Pixar, outros estúdios de animação, como a Walt Disney Animation, Universal e Paramount, também têm observado que suas sequências superam novos lançamentos como “Elio”. Isso se torna uma preocupação crescente para os estúdios que procuram expandir seus portfólios de propriedade intelectual, já que novas histórias – fundamentais para inovação e crescimento – estão lutando para encontrar seu espaço no mercado.
A nova realidade da animação pós-pandemia
Uma análise do desempenho de filmes animados após a pandemia de Covid-19 mostra que a diferença entre as produções originais e as sequências se ampliou drasticamente. Doug Creutz, analista da TD Cowen, observa que os estúdios estão priorizando filmes que os públicos já conhecem, como continuações e adaptações de obras literárias. Isso resulta em um domínio de conteúdos de franquias em um mercado saturado.
Em um universo onde quase um terço dos filmes animados lançados desde 2022 são originais, essa mudança de foco pode ser prejudicial para a originalidade e inovação na animação.
A longa trajetória da Disney na animação
A Disney sempre foi uma potência na indústria da animação, desde “Branca de Neve e os Sete Anões” em 1937. Embora tenha enfrentado algumas dificuldades ao longo da trajetória, seu portfólio se fortaleceu significativamente após a aquisição da Pixar em 2006. Juntas, as duas entidades produziram sucessos imensos, como “Frozen”, “Zootopia” e “Coco”. No entanto, a pandemia trouxe novos desafios.
Com as restrições impostas pelo coronavírus, muitos filmes, como “Soul” e “Luca”, foram lançados exclusivamente no Disney+. Especialistas acreditaram que isso poderia ter prejudicado o apelo das produções originais nos cinemas, associando o fracasso a uma estratégia que pode ter alienado parte do público, além de mudanças nos hábitos de consumo.
A concorrência também aumentou, com outras empresas, como Universal e Sony, oferecendo uma variedade de conteúdos tanto nas salas de cinema quanto nas plataformas de streaming, tornando os pais mais exigentes na escolha dos filmes para seus filhos.
Uma tendência mais ampla na indústria cinematográfica
A pressão competitiva e a mudança nos hábitos dos consumidores levaram as grandes produtoras a confiar ainda mais em histórias já conhecidas. Peter Csathy, presidente da Creative Media, descreve os filmes de sequências como “comida reconfortante” para o público, dado que as pessoas geralmente sabem o que esperar delas. Desde 2016, raramente mais de cinco filmes originais figuraram entre os 20 mais lucrativos nas bilheteiras.
O futuro de filmes como “Elio” ainda não está completamente definido. Há uma possibilidade de que esses filmes tenham um ressurgimento nas bilheteiras a longo prazo, especialmente ao serem disponibilizados posteriormente em plataformas de streaming. Por exemplo, “Encanto”, que também viu um desempenho teatral abaixo do esperado, mais tarde se tornou um fenômeno em casa, levando a Disney a integrar o filme em atualizações em seus parques temáticos.
A Disney, agora mais do que nunca, enfrenta a necessidade de encontrar um equilíbrio entre a produção de sequências seguras e a inovação através de novas histórias, enquanto tenta navegar em um cenário de entretenimento em rápida evolução.
Divulgação: Comcast é a empresa-mãe da CNBC e NBCUniversal.