Na recente escalada de violência, a cidade de Taybeh, localizada ao leste de Ramallah, enfrenta ataques frequentes de colonos israelenses que ampliaram sua presença na região, ameaçando a segurança de seus moradores e suas terras agrícolas. Os incidentes incluem a instalação de um novo acampamento ilegal na periferia da cidade, sobre terras confiscadas e que representam uma importante fonte de sustento para a comunidade local.
Colonização e ocupação ameaçam a economia de Taybeh
Segundo a agência ACI MENA, parceiros da CNA na região, os colonos estabeleceram uma nova colônia no leste de Taybeh, justamente sobre os escombros de uma casa rural, desocupada há cerca de um ano após expulsão de seus proprietários. A área, com aproximadamente 4.200 acres, cobre uma vasta extensão de oliveiras, fazendas de aves e ovelhas, além de campos cultivados sazonalmente, formando a principal base econômica da cidade.
Esse tipo de invasão não é novo. Entre 2019 e 2020, colonos israelenses já tinham criado várias colônias ilegais ao redor da cidade, com frequentes ataques de incêndio às plantações, furtos de equipamentos agrícolas e até a liberação proposital de gado nas lavouras para destruir a colheita.
Impactos durante a colheita de azeite e restrições atuais
Durante a atual temporada de colheita de azeitonas, os agricultores de Taybeh enfrentaram dificuldades. Por segundo ano consecutivo, foram impedidos de acessar suas terras próximas ao assentamento de Rimmonim, construído sobre terras confiscadas. Como consequência, cerca de 20 famílias foram atacadas fisicamente ao tentar chegar às suas plantações, resultando em perdas materiais e prejuízos às colheitas.
O padre Bashar Fawadleh, pároco da Igreja de Cristo Redentor em Taybeh, afirmou à ACI MENA que a cidade, citada na Bíblia como “Efraim” — local onde Jesus se refugiou antes da paixão —, atualmente vive sob ameaça constante. “Hoje, não estamos mais seguros nem em paz, vivemos sob medo diário e sob cerco”, disse. Ele acrescentou que mais de 10 famílias deixaram a cidade desde o ano passado por medo da violência e do assédio contínuo.
Além das agressões, a autoridade israelense tem dificultado a vida dos residentes com a instalação de cancela de ferro nas entradas da cidade, o que restringe o acesso ao trabalho e a serviços essenciais. Essas limitações, unidas às restrições agrícolas, agravaram o desemprego e a crise econômica local, levando muitos moradores a cogitar em emigrar. Fawadleh destacou ainda que colonos pastam seus animais em campos de oliveiras e cevada próximos às casas, numa ação vista como tentativa de sufocar economicamente e forçar a saída dos moradores.
Violência na região e posicionamento internacional
Na quarta-feira, homens armados atacaram uma outra cidade próxima, Kaffr Malik, causando a morte de três pessoas, em um episódio que evidencia a crescente tensão na região. Segundo a BBC, Israel construiu cerca de 160 assentamentos na Cisjordânia desde a ocupação da região, considerados ilegais pela maioria da comunidade internacional, embora o governo israelense discorde dessa classificação.
Este conflito sistemático tem alimentado uma crise humanitária na área, com centenas de famílias vivendo sob constante ameaça e restrições severas por parte das forças israelenses. A situação de Taybeh, em particular, demonstra a difícil convivência entre comunidades locais e os colonos, agravada por uma política de ocupação que causa prejuízos sociais e econômicos duradouros.
Esta notícia foi originalmente publicada pela ACI MENA, parceira da CNA na região, e traduzida para este formato para fins informativos.