Um estudo recente realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia – Davis traz à tona uma revelação alarmante: vapes descartáveis, comumente considerados alternativas mais seguras aos cigarros tradicionais, podem na verdade ser mais tóxicos. A pesquisa, que analisou sete modelos de e-cigarettes de marcas populares, concluiu que esses dispositivos liberam níveis de metais pesados cancerígenos, como chumbo e níquel, em quantidades superiores às encontradas em cigarros comuns.
Os detalhes da pesquisa
O estudo liderado por Mark Salazar, um candidato a doutorado, analisou dispositivos descartáveis da ELF Bar, Flum Pebble e Esco. A equipe utilizou instrumentos específicos para ativar os e-cigarettes e aquecer o líquido interno, gerando entre 500 e 1.500 tragadas, o que simula o uso equivalente a uma semana. Os resultados mostraram que os vapes continham metais pesados significativos, como níquel, chumbo e antimônio, que são utilizados nas bobinas de aquecimento para transformar o líquido em vapor.
Resultados surpreendentes
Os pesquisadores descobriram que um dos vapes estudados liberou mais chumbo durante um dia de uso do que quase 20 maços de cigarros tradicionais. Salazar relatou que os níveis encontrados eram tão altos que ele inicialmente pensou que o equipamento de medição estava com problemas. A análise mostrou que os metais pesados se desprendem dos dispositivos e se misturam ao líquido de vapor, elevando o risco de exposições prejudiciais à saúde.
Particularmente, os Esco Bars demonstraram liberar de quatro a treze vezes mais chumbo nos primeiros 200 tragos em comparação a um maço de cigarros. Isso representa a mesma quantidade de exposição ao chumbo que fumar 19 cigarros em um único dia.
Os riscos à saúde
Os altos níveis de chumbo e níquel encontrados nos vapores têm implicações sérias para a saúde respiratória. Os pesquisadores alertam que esses metais são potenciais carcinógenos, associados ao câncer de pulmão e outras doenças. O chumbo, por exemplo, está relacionado a um aumento do risco de câncer nos pulmões, rins e cérebro. Além disso, estudos indicam que o níquel pode estar ligado a cânceres nasais e sinusais.
Mesmo que os vapes apresentem concentrações mais elevadas desses metais pesados em comparação com cigarros tradicionais, a pesquisa sugere que os cigarros ainda representam um risco maior, uma vez que contêm cerca de 7.000 substâncias cancerígenas, em contraposição às aproximadamente 2.000 presentes nos vapes.
População jovem em risco
A pesquisa salienta preocupações particulares em relação a jovens e adolescentes, que são os maiores consumidores desses dispositivos. O CDC já identificou a ELF Bar como a marca de vape mais popular entre adolescentes e jovens adultos nos últimos anos. Com vendas de aproximadamente 82 milhões de dólares nos EUA em 2022, a acessibilidade e popularidade desses produtos são alarmantes, especialmente considerando que muitos deles não são regulamentados adequadamente.
Implicações e regulamentações necessárias
Embora o FDA tenha autorizado a venda de uma quantidade limitada de vapes sem sabor, muitos saborizados continuam disponíveis em lojas de conveniência e online, criando um mercado não regulamentado. Um relatório recente da Reuters estima que cerca de 2,4 bilhões de dólares em vapes ilegais foram vendidos nos últimos anos. Esses dispositivos, sem supervisão, levantam preocupações sobre a segurança e a composição dos líquidos, tornando ainda mais urgente a discussão sobre regulamentações eficazes.
Conclusão
À medida que a popularidade dos vapes cresce, o estudo de UC Davis destaca a necessidade urgente de mais pesquisa e regulamentação para proteger a saúde pública, especialmente das populações mais jovens. Os consumidores precisam estar cientes dos riscos potenciais associados ao vaping, e as autoridades devem agir para garantir que produtos mais seguros e com menos riscos sejam disponibilizados à população.
