Segundo reportagem do New York Times, o ex-presidente Donald Trump decidiu atacar o Irã neste mês após assistir à programação do Fox News que exaltava as ações militares de Israel. A decisão foi tomada no dia seguinte a uma operação israelense que matou altos funcionários iranianos, revela a matéria publicada nesta segunda-feira.
Influência da mídia na tomada de decisão de Trump
De acordo com Helene Cooper, repórter do NYT que consultou fontes do Pentágono e da administração Trump, o presidente se interessou pelo conflito após ver a cobertura favorável de Israel na TV. Cooper afirmou que Trump, que costumava se orgulhar de postura não intervencionista, mudou sua intenção após assistir às reportagens e às opiniões de convidados do canal.
“Um oficial me disse que tudo começou na manhã seguinte ao ataque israelense, quando o presidente acordou e assistiu ao Fox News, que apresentava a operação israelense como uma grande vitória”, explicou Cooper. Ela também destacou que Trump começou a fazer referências públicas ao sucesso de Israel na região, inclusive em postagens na rede social Truth Social, em que afirmou que “nós” tomamos controle do espaço aéreo do Irã.
Decisão de entrar em guerra e o papel da narrativa mediática
Conforme relato, uma reunião com conselheiros de segurança nacional consolidou a disposição de Trump de se envolver no conflito. A reportagem ainda aponta que o ex-presidente tentou alertar o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu para não atacar o Irã enquanto negociações de um acordo nuclear estavam em andamento, mas mudou de postura após o ataque de 13 de junho.
Cooper revelou que a administração Trump monitorava a reação de seu eleitorado nas redes sociais, dividindo o movimento MAGA entre grupos opositores à intervenção e apoiadores da guerra. “Israel atingia alvos iranianos, matando comandantes militares e cientistas nucleares, e essa narrativa era intensamente divulgada pelo Fox News”, contou a jornalista.
Decisão de Trump de buscar seu “pedaço” da ação
Segundo Cooper, Trump decidiu se envolver diretamente após retornar de uma reunião do G7, convocando seus assessores de Segurança Nacional para deliberar sobre a escalada. Ela afirmou que o presidente queria “participar do jogo” e “se aproveitar” do momento de conflito internacional.
O relatório do NYT destaca ainda que Trump manteve conversas com aliados, inclusive com o secretário de Defesa, articulando uma ação militar mais ampla na região, impulsionado pelo clima de apoio na mídia favorável às operações israelenses.
Reações e desdobramentos
Na manhã desta terça-feira, Trump afirmou que tentará evitar novas agressões de Israel ao Irã, apesar de já ter declarado uma espécie de cessar-fogo, que ele diz estar “em vigor”. Contudo, fontes de várias organizações de defesa, assim como analistas de política internacional, ponderam que as ações podem evoluir para uma escalada maior.
Especialistas indicam que a influência da mídia e a decisão de Trump mostram como a narrativa na televisão pode impactar decisões de política externa, sobretudo em um contexto de polarização e forte apoio de parte da base eleitoral ao ex-presidente.
Perspectivas futuras
Analistas avaliam que o envolvimento direto dos Estados Unidos no conflito israelo-iraniano ainda é incerto, mas o episódio reforça o papel da comunicação e do clima político interno na definição de ações militares. A situação na região permanece tensa, com possíveis desdobramentos que podem afetar a estabilidade global nos próximos meses.