No Brasil e nos Estados Unidos, debates avançam para que programas de assistência alimentar favoreçam escolhas mais saudáveis. Recentemente, alguns estados americanos obtiveram autorização para limitar compras de bebidas açucaradas pelo SNAP, indicando uma mudança de cultura importante na promoção da saúde pública.
Por que incentivar escolhas alimentares mais saudáveis?
Estudos mostram que doenças relacionadas à dieta custam bilhões à economia e levam a muitas mortes anualmente. Uma pesquisa da Universidade Tufts revelou que a gestão dessas doenças representa cerca de 1,1 trilhão de dólares por ano, com 85% dos custos ligados ao tratamento de condições como diabetes e hipertensão, frequentemente relacionadas ao consumo de alimentos ultraprocessados e bebidas açucaradas.
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) também enfrenta desafios semelhantes, com altas despesas hospitalares devido a doenças crônicas alimentares. A mudança de foco para escolhas mais nutritivas pode aliviar tanto o sistema de saúde quanto o orçamento público.
Impacto dos programas de assistência na saúde
Nos Estados Unidos, mais de 42 milhões de pessoas utilizam o SNAP, e estudos indicam que cerca de 20% do valor gasto pelo programa é direcionado a compras de alimentos e bebidas não saudáveis, como refrigerantes e doces. Isso gera um efeito duplo: gasto público em benefícios e custos elevados com tratamento de doenças derivadas dessas escolhas.
Pesquisas evidenciam que incentivos financeiros à compra de frutas e verduras podem prevenir centenas de milhares de eventos cardiovasculares e reduzir custos na saúde. Segundo um estudo da Universidade da Pennsylvania, oferecer incentivos de 30% na compra de alimentos saudáveis pode evitar mais de 300 mil problemas cardíacos e economizar bilhões.
Avanços e desafios na implementação de políticas mais saudáveis
De acordo com especialistas, as políticas que restringem a venda de produtos nocivos pelo programa de assistência representam uma oportunidade de transformar hábitos e reduzir desigualdades na saúde. No Brasil, medidas similares podem ser implementadas junto ao Bolsa Família e outros programas sociais, promovendo uma nutrição de qualidade para populações vulneráveis.
Segundo Christina Roberto e Alyssa Moran, da Universidade da Pennsylvania, oferecer incentivos a alimentos saudáveis e limitar itens prejudiciais é uma estratégia que beneficia a sociedade como um todo, combatendo as consequências econômicas e humanas das escolhas alimentares nocivas.
Próximos passos para uma alimentação mais saudável
Especialistas apontam que a adoção de políticas públicas que promovam o acesso a alimentos nutritivos deve ser prioridade. No Brasil, a ampliação de programas de incentivo à agricultura familiar, saúde escolar e compras públicas sustentáveis podem impulsionar essa mudança. Assim, mecanismos de incentivo e restrição têm potencial para gerar efeitos positivos duradouros na saúde coletiva.
Com a pressão por reformas e maior conscientização, é possível construir um sistema mais justo e saudável, beneficiando milhões de brasileiros e reduzindo o impacto das doenças decorrentes de uma alimentação inadequada.