Nesta semana, um vídeo de uma palestra do influenciador conservador Charlie Kirk, fundador da organização Turning Point USA, viralizou nas redes sociais, gerando revolta entre internautas. Kirk, conhecido por suas opiniões alinhadas à direita, fez uma série de comentários profundamente retrógrados ao responder uma garota de 14 anos interessada em jornalismo e faculdade.
Declarações polêmicas de Charlie Kirk para jovens mulheres
No evento chamado Young Women’s Leadership Summit 2025, promovido pela Turning Point USA, Kirk questionou as jovens se suas principais prioridades eram “casar e ter filhos”. Após algumas confirmações, ele afirmou que talvez fosse necessário ressuscitar o termo “Mrs. degree”, uma expressão sexista datada, usada para depreciar mulheres que estudavam buscando apenas um marido.
Ele reforçou a ideia de que o motivo mais comum para mulheres irem à faculdade seria “encontrar um parceiro”, zombando de quem pensa em estudar ciências sociais ou outras áreas acadêmicas. “Não mente para si mesma, como, ‘Agh, eu vou estudar sociologia’”, disse Kirk, dando a entender que esse não é realmente o motivo.
Conselhos de Kirk para encontrar marido na faculdade
O influenciador sugeriu que jovens mulheres deveriam procurar por pretendentes em universidades do Southeastern Conference, como Ole Miss ou Alabama. “Você vai encontrar um marido se tiver essa intenção. Vai acontecer, ok?”, afirmou Kirk. Além de criticar a ideia de que a faculdade é para aprender, ele reforçou que o valor de uma mulher estaria em sua atratividade e na possibilidade de se casar ainda na universidade, um argumento que gerou repúdio nas redes sociais.
Contradições e críticas ao discurso de Kirk
Apesar de ser autor do livro “The College Scam”, onde afirma que universidades americanas estão “devastando e doutrinando” os jovens com professores de esquerda, Kirk passou a defender a ideia de que a faculdade é válida apenas para mulheres que procuram um parceiro. “Se você quer encontrar seu parceiro, a faculdade é uma boa razão para ir”, declarou.
O discurso dele também romanticiza a época em que as mulheres buscavam um “Mrs. degree”, nos anos 70, 80 e 90, associando esse desejo ao declínio das taxas de casamento atuais. Críticos argumentam que essa narrativa desconsidera que, hoje, mulheres estão superando os homens na educação e no mercado de trabalho, o que contradiz a imagem de uma crise no papel feminino na sociedade.
Reações nas redes sociais
Internautas e especialistas reagiram duramente às declarações. Uma usuária comentou que “esses cretinos sonham em ter esposas tradicionais porque as mulheres não os suportam mais”, enquanto outra afirmou que “isso é o que de fato parece ser uma tentativa de doutrinação”.
Outros destacaram que o discurso reforça uma visão machista e retrógrada, que predomina em círculos conservadores. Uma internauta, que preferiu não se identificar, escreveu: “Sou grata por ter sido criada por pessoas que me incentivaram a explorar o mundo, buscar conhecimento e crescer com Deus. Não consigo imaginar que, com 14 anos, alguém diga para eu rivalizar com uma ideia tão ultrapassada.”
Houve também quem lembrasse que o movimento de mulheres na educação e no mercado de trabalho vem crescendo, e que a narrativa de uma “crise” é uma tentativa de frear esses avanços.
Impacto e futuro do debate
Especialistas alertam que discursos como o de Kirk alimentam um retrocesso no debate sobre o papel das mulheres na sociedade, reforçando estereótipos de gênero ultrapassados. Representantes de organizações feministas afirmam que é fundamental promover uma educação de qualidade, baseada na valorização da autonomia feminina, e combater discursos que reduzem as mulheres a objetos de casamento.
Por sua parte, Kirk e seus apoiadores continuam defendendo suas ideias, alegando que representam valores tradicionais. No entanto, o episódio reacende a discussão sobre os limites da influência de figuras públicas na formação de opiniões de jovens e adolescentes.