Segundo o relato divulgado pelo New York Times nesta segunda-feira, o ex-presidente Donald Trump decidiu atacar o Irã após assistir à cobertura da Fox News, que exaltava as operações militares de Israel contra o país no início de junho. A mudança, segundo fontes do Pentágono e oficiais da administração Trump, ocorreu logo após a divulgação de apoio à ação israelense na mídia.
Influência da TV na tomada de decisão militar
Helene Cooper, repórter do Times, explicou que Trump costumava se declarar um n’testamintervencionista», apoiando a prioridade de “America First”. No entanto, após a ofensiva israelense de 13 de junho contra alvos iranianos, sua postura mudou rapidamente.
“Um oficial me disse que tudo começou na manhã seguinte, quando Trump assistiu à Fox News e viu como as operações de Israel estavam sendo apresentadas como uma grande vitória,” afirmou Cooper, que também conversou com membros do Pentágono e assessores militares.
Decisão e o incentivo de elogios nas redes sociais
De acordo com a reportagem, Trump começou a se apropriar de algumas ações israelenses, incluindo uma publicação em suas redes sociais no dia 17 de junho, na qual afirmou que “nós tomamos controle” do espaço aéreo do Irã. Uma reunião com assessores de segurança nacional consolidou sua decisão de se envolver na guerra, evidenciam fontes.
O ex-presidente também teria alertado o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu para evitar ataques ao Irã enquanto uma possível negociação de acordo nuclear estivesse em discussão, mas mudou de ideia após Israel matar altos oficiais iranianos na ofensiva de junho.
Divisão na base do MAGA e reação internacional
O relatório indica que a administração Trump monitorava como seus apoiadores reagiam às possíveis ações militares no Oriente Médio, diante de uma base dividida entre setores favoráveis à não intervenção e grupos apoiadores de uma postura mais agressiva.
“Israel atingia alvos estratégicos no Irã, incluindo comandantes militares e cientistas nucleares, e a Fox News exaltava esses triunfos,” afirmou Cooper. “E Trump decidiu que queria participar do ‘relvado’.”
Decisões finais e declarações recentes
Após o retorno antecipado de uma reunião do G7, Trump teria convocado seus conselheiros para discutir o envolvimento na crise, decidindo, assim, tomar uma posição mais assertiva na ofensiva.
Na terça-feira, Trump declarou que tentará impedir futuros ataques de Israel ao Irã, após reconhecer que o cessar-fogo anunciado havia sido violado por ambos os lados. Ele também afirmou que um novo cessar-fogo provisório está “em vigor”.
Impactos e percepções
Especialistas indicam que a influência da mídia, sobretudo a Fox News, pode ter desempenhado papel decisivo na mudança de postura de Trump, marcando uma reconfiguração na política externa do ex-presidente.
A reportagem do Times destaca ainda que assessores próximos ressaltaram a importância do contexto midiático, comentando que a ausência de vozes contrárias na TV de Trump dificultou uma avaliação mais equilibrada da situação.
Esta revelação reforça a tese de que a decisão de entrar em um conflito envolvendo Irã, caracterizada por uma forte orientação do setor conservador e por discursos inflamados na televisão, pôde ter sido mais influenciada por fatores mediáticos do que por análises estratégicas tradicionais.