Brasil, 25 de junho de 2025
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Como os Estados Unidos Exportam punições e modelos de encarceramento

O impacto do sistema penal americano vai além das fronteiras, influenciando políticas de punição globais e práticas cruelmente replicadas em diversos países.

Em março de 2025, a administração Trump deportou mais de 250 imigrantes venezuelanos para um mega-prisão em El Salvador, o Centro de Confinamiento del Terrorismo (CECOT). Essa ação violenta reflete uma longa trajetória dos Estados Unidos na exportação de táticas punitivas, que agora inspira outros países como Equador e Peru a adotarem estratégias similares, apoiadas por investimentos de milhões de dólares e decisões judiciais que autorizam a deportação forçada sem garantias processuais.

A história do modelo penal americano que cruza fronteiras

O padrão de punição iniciado nos Estados Unidos remonta ao século XIX, com a criação da Penitenciária do Estado da Pensilvânia, em 1829. O projeto pioneiro de Eastern State Penitentiary privilegiava o controle e a vigilância, influenciando uma cadeia de prisões ao redor do mundo. Segundo a pesquisadora Baz Dreisinger, autora de Incarceration Nations, até hoje, há mais de 350 prisões inspiradas no modelo de ESP.

Nesse contexto, o sistema de punições dos EUA não é apenas uma questão doméstica; ele se tornou um exemplo de inovação e crueldade que conquistou espaço global. Durante o século XX, as estratégias ultrassecretas, como a segregação total de presos em unidades como a D-Block de Alcatraz, moldaram uma cultura mundial da punição. A invenção do supermax, uma prisão de segurança máxima com isolamento extremo, foi inaugurada nos EUA em 1963 com USP Marion, em Illinois, e se espalhou internacionalmente, como na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Brasil, construída em 2007.

Expansão de modelos carcerários e a diplomacia policial americana

O impacto dos Estados Unidos na estrutura penal global é profundo, influenciando desde as arquiteturas prisionais até as táticas de repressão. Dreisinger observa que, ao visitar prisões no exterior, ela muitas vezes é confrontada com exemplares estadunidenses, que servem de blueprint. Além disso, as forças policiais americanas atuam como diplomatas de uma política de repressão, promovendo ‘amizades’ entre agentes estrangeiros e promovendo políticas de policiamento que replicam práticas de combate ao crime adotadas em solo americano, como explica Stuart Schrader, autor de Badges Without Borders.

Consequências e reflexões

Esta lógica exportada revela um padrão de dominância do modelo punitivo, muitas vezes caracterizado por violações de direitos humanos e ausência de garantias jurídicas. A perpetuação dessas práticas levanta questões sobre a legitimidade do sistema penal global e o papel dos Estados Unidos na perpetuação de estratégias de controle social e punição que, muitas vezes, aprofundam desigualdades e vulnerabilidades.

Conforme evidenciado pelos casos recentes de El Salvador e por estudos internacionais, os métodos de punição americanos continuam a moldar um panorama de encarceramento cada vez mais agressivo e descentralizado, reafirmando uma cultura de violência estatal exportada para diferentes contextos políticos e sociais.

Por fim, o debate sobre a exportação de estratégias punitivas reforça a necessidade de repensar os modelos de justiça global, priorizando direitos humanos, dignidade e a busca por alternativas não violenta de resolução de conflitos.

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